A professora e o amor
A Professora e o Amor
Permitam-me tratar todos os professores no feminino, “a professora”, pois os consideram “como se fossem mães” e são as mães as responsáveis pela educação das crianças, particularmente nos primeiros anos de vida, nas primeiras séries da escola.
Para os propósitos deste ensaio vou considerar o amor do ponto de vista popular: “besta, cego, surdo e mudo”.
A mãe, enquanto gesta, costuma aprender a amar o seu bebe e após o seu nascimento, fica embasbacada de amor, é o quanto basta para cuidar dele, por toda a vida.
No amor, por ser bobo, cego, surdo e mudo, está propício o florescimento da ambiguidade, esta característica tão humana, uma imprecisão, uma incerteza, uma indeterminação do gostar e do não gostar.
Quanto mais ambiguidade, mais difícil o convívio entre mãe e filho, mais desastrada a relação professora/aluno.
O exagero da oscilação entre amor e ódio costuma desaguar no que todos sabem: crianças difíceis, os abandonos, as rejeições, as crianças lançadas do 7º andar, no lixo, na lagoa.... expulsas das salas, repetentes... simplesmente porque a mãe, a professora, ao não conseguir decidir entre o amor e o ódio, fica incapaz de cuidar da criança, do aluno.
A professora, diferentemente da mãe, não pode ser boba, cega, surda, nem muda. A professora deve ser viva, inteligente, perspicaz. Precisa enxergar com clareza a dificuldade de seu aluno, ouvir atentamente e compreender o alcance de suas dúvidas. Falar na linguagem que ele entenda.
A professora consegue isto com muito estudo, conhecimento, técnica.
A mãe ama e educa.
A professora acolhe, respeita e ensina ciências.
(Se a professora chegar a amar seu aluno, muito bem, é lucro)