As estrelas da Praia Vermelha

Levantei muito cedo. Corri até a praia. Engraçado que a mesinha e as cadeiras estavam lá, na areia avermelhada... Sentei-me ali, sozinha, pra olhar a passagem da noite para o dia. De um lado o céu clareava, do outro ainda havia nuvens cinzentas. Eu até enxergava, junto ao horizonte, luzes da cidade. Reflexos cintilantes balançavam nas ondas, calmas naquele instante. Uma revoada de pássaros se sobressaía contra a luminosidade rósea-amarela do sol querendo aparecer. Vi também, lá no meio do mar, uma pedra diferente. Como torre em espiral, não terminava, indicando que podia ir além, quem sabe subir até o céu. Seria a de Babel?... Com o passar dos minutos, a claridade empurrava as nuvens mais pesadas, abrindo um caminho, enevoado e estreito lá longe, largo e bem azul em cima de mim. As estrelas, em vez de sumirem, desciam iluminadas na minha direção. Dizem que as cadentes realizam sonhos da gente. Que emoção! Nunca imaginei vê-las assim tão de perto! E quantas, meu Deus! Meus olhos não se cansavam, quanto mais eu olhava, mais encantada ficava. Queria pegar ao menos uma pra mim. Não resisti, estiquei os braços, e logo minhas mãos se encheram. Comecei a rir. De pura alegria. E ri tão alto, que despertei...

Mas a magia não se evaporou, ficou aqui, grudada na memória do coração.