O fim! Depende de como você vê...

Aquelas luzes brilhantes só faziam ofuscar-lhe os olhos, mas mesmo assim ela gostava de olhá-las. Era a única coisa colorida que podia ver nos últimos anos:aquelas luzes que saltavam diante dos seus olhos era o que dava cor e brilho a sua vida tão em preto e branco. Enquanto olhava para elas, tudo em volta sumia como num passe de mágica, e via-se sozinha num mundo projetado por sua imaginação. Tentava ritmar seus batimentos enquanto observava uma paisagem que sabia ser só dela. Durante muito tempo viveu pelos outros. Agora, sozinha, vivia por ela mesma. Sua única companhia eram as asas da sua imaginação que a faziam voar pra bem longe. Tão longe que ela sentia que um dia não voltaria mais desse lugar cheio de magia só por não saber voltar. E por não querer saber! Nos raros momentos que voltava à realidade, sentia uma profunda tristeza. Ela queria ficar naquele mundo cheio de fadas. Durante suas idas, ouvia vozes paralelas que a faziam perder o rumo: - “É uma solitária, coitada. Os remédios são fortes, ela imagina coisas”. E pensava consigo “Quem será essa pessoa triste que tanto preocupam estes homens de branco?” Porém, preferia voltar pro seu mundo a buscar por respostas. Sentia-se feliz por lá. Até que decidiu ficar...

- Há tempos não recebia uma visita. Será o fim de todo ser humano? Enlouquecer e morrer sozinho?

- Ela não tinha filhos?

- Tinha. Mas não se sabe por onde. Devem arcar com o funeral, espero localizá-los logo. A clínica não suporta mais esse gasto no mês.

Marília de Dirceu
Enviado por Marília de Dirceu em 11/08/2009
Código do texto: T1748081
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