Que Senado é esse?

        Tenho um indisfarçável fascínio pela Roma antiga. Sobre ela me falaram, exaustivamente, meus excelentes e dedicados professores quando frequentei os seminários franciscanos. 
        O que aprendi com eles justifica, sem dúvida, essa minha declarada paixão pela Cidade Eterna.
        Vira e mexe, e lá estou eu de volta aos livros que contam a história da terra de Rômulo e Remo.
        Todas as vezes que fui à Europa, visitei-a, curtindo pra valer, do Coliseu ao Vaticano, passando pela Piazza Navona e a Fontana di Trevi, citando, apenas, lugares mais conhecidos da vetusta capital italiana.
        No momento me preparo para a quarta visita, marcada e confirmada para os primeiros dias do mês de outubro; daqui a pouco mais de dois meses.
        Pena que chegarei por lá depois do dia 4 de outubro dia em que a Itália festeja o seu padroeiro, São Francisco das Chagas, meu amigo e protetor.
        Circunstâncias alheias à minha vontade impediram-me de, no dia 4, estar junto ao túmulo do milagroso santo seráfico, na bela Assis, como pretendera ao programar mais este périplo europeu.
        Voando pela TAP, espero que os ventos me permitam atravessar bem o Atlântico e chegar em paz ao Velho Mundo.

               ***   ***   ***

        Tudo isso para dizer que, nos últimos dias, é o Senado romano, sua história, origem, sua importância que vem tomando boa parte do meu precioso, sim, tempo.
        Quero de logo deixar bem claro que não estou me referindo ao Senado da Era Sílvio Berlusconi.
        Não. Recuo nos séculos, e muitos séculos, para falar um pouco, o necessário, diria, sobre o Senado da Roma antiga, seu nascimento e seu funcionamento.
        Meus mestres, no seminário, no capítulo Do Senado, levavam horas discorrendo sobre a imponência e importância dessa milenar instituição parlamentar. 
        Bem como sobre o relevante papel que seus membros desempenhavam no organizado Governo da velha Roma. 
        Fiéis à História, eles não transformavam aquele Senado numa entidade irretocável, ou seja, num parlamento onde somente os bons, os virtuosos tinham vez e voz. Mostravam os defeitos da casa e as consequências dos seus erros.
        Mas a impressão que me ficava - e ainda hoje persiste - era a de que, embora passíveis de erros, os senadores romanos, daquelas priscas Eras, tinham o respeito e  o reconhecimento dos seus compatriotas.
        Formado por anciãos - a palavra Senado vem do latim senex = a velho, idoso - esses cidadãos ofereciam ao Estado toda sua experiência e sabedoria. 
        Segundo vários historiadores, eram os conselheiros, repito, eram os conselheiros do poder central. Viva!

               ***   ***   *** 

        Muito bem. Estou abrindo um parêntese para escrever sobre política.
        Tenho dito, que prefiro mil vezes escrever uma longa página sobre polícia do que meia sobre política.
        Embora, seja forçado a reconhecer e proclamar que a politica, no Brasil, vem virando, com incalculável celeridade, um monstruoso caso de polícia.  
       Impossivel passar despercebido o bate-boca que se trava, diariamente, no plenário do Senado brasileiro, transformando-o num encontro de mal-educados.
        Lembrem-se do que fizeram com o honrado senador Pedro Simon.
        Eu pergunto: Que Senado é esse?
        Diante, pois, da crise moral, ética, intelectual e parlamentar que, neste instante, atravessa o Senado do Brasil, achei de bom alvitre, como diziam os advogados do passado, estimular uma reflexão em torno dos velhos senadores romanos, copiando-lhes as boas lições.
        De repente os senadores brazucas se tocam e passam a respeitar a opinião pública.
        Opinião pública formada pelos brasileiros que lhes pagam altos salários, mas que deles se sentem envergonhados.

                 ***   ***   ***
        E como política não é a minha praia, peço licença para retornar ao livro que está alegrando e enriquecendo as minhas horas, nas agradáveis tardes de Salvador.
        Trata-se de um livrinho, bem pequeno, de fácil  manuseio, falando sobre os "cães mais influentes da história"; ou como está dito no seu título, "100 cães que mudaram a civilização".  
       
Como, por exemplo, o Saur, o "cão que se tornou um rei norueguês"; ou o cachorrinho Jô-FI, que ajudava Sigmund Freud "a avaliar seus pacientes". É mais legal! 

Felipe Jucá
Enviado por Felipe Jucá em 10/08/2009
Reeditado em 27/08/2009
Código do texto: T1746885