A Gripe Suina e a Democrática Fragilidade Humana

Ao longo da História, Antiga e Moderna, já se falou muito da superioridade de raças em se comparando os mais variados povos conhecidos. Nada como uma pandemia – surto infeccioso que atinge todo o planeta - para matar qualquer ideologia preconceituosa acerca dessas pretensões idiotas de atores históricos como Adolf Hitler, mostrar o quanto somos parecidos e que as teorias infundadas de segregação étnica não passam de um reflexo egoísta da psicose humana.

O mundo vive hoje um momento bastante tenso de expectativas imprevisíveis; a organização mundial da saúde elevou para máximo o nível de alerta quanto a um vírus que tem tirado o sono das pessoas: a gripe suína aterroriza e, ao mesmo tempo, une os indivíduos no combate a esse inimigo em comum e extremamente mortal. Há poucos anos atrás, falava-se em febre aviária e no perigo iminente dela se alastrar pelo mundo causando mortes em massa, mas aí descobriram uma cura e ficou tudo bem; em outro momento, a gripe asiática dizimou a vida de milhares de chineses e de alguns povos deste continente, deixando um rastro de temor e sinais de fragilidade humana perante a esses inimigos tão surpreendentes quanto avassaladores, mas, também, descobriram uma vacina.

Não existe superioridade racial; na dor e perante à única certeza da vida, todo mundo torna-se irmão. Essas pestes não escolhem gênero, cor, religião, crédulo, conta bancária, orientação sexual ou idade; quando surgem, levam consigo vidas e deixam uma mensagem muito sábia: o mundo precisa enxergar seus pontos fracos e fortificá-los.

A mãe África possui, em seu passado, um exemplo muito convincente de como a raça humana é sensível a esses vírus letais: o Ebola dizimou vilarejos inteiros no antigo Zaire – hoje República Democrática do Congo – e a descoberta do antídoto impediu o alastramento de um mal, que pelos índices registrados de mortalidade, letabilidade e rapidez na disseminação, superaria em números de mortos a peste Bubônica – peste negra da idade média ou da gripe espanhola já em nossa contemporaneidade.

Vangloreiam-se de serem os principais atores do processo de globalização promovido no comércio, na cultura, nos serviços, na indústria e tecnologia, mas, esse mesmo fenômeno, os tornam um dos países com o maior número de casos de pessoas afetadas pela gripe suína: os vícios e modos de vida Norte Americanos e o entra e sai de tudo quanto é coisa, contribuem para o alastramento do vírus e conseqüente estado de pânico geral vivido, mais intensamente, por lá e por seu visinho latino.

Um surto viral perigosíssimo vulnerabiliza, outra vez, o mundo, e aproxima mais as pessoas, ao menos no que diz respeito à fragilidade e possibilidades de se contrair a gripe suína: não existirá, então, o pobre ou o rico, o homo ou o heterossexual, o branco, o negro ou o amarelo, o jovem ou o idoso, o cristão, o islâmico ou o ateu, o homem ou a mulher; todos são alvo em potencial e, independente de cada uma de suas condições, estão do mesmo lado no jogo pela sobrevivência. Apesar de parecer um discurso demasiado pessimista - também concordo - cabe aí uma pergunta inquietante, assustadora, inimaginável e até reflexiva: e se não descobrirem, desta vez, ou na próxima; que certamente existirá, o tal do antídoto?

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Vagner Silva
Enviado por Vagner Silva em 09/08/2009
Reeditado em 24/08/2009
Código do texto: T1745465
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