ATENDE AÍ, PAI!
Marília L. Paixão
Quantos meses sem falar com o senhor e quando soube que já tinha até celular fiquei toda feliz. Mas cadê o senhor que não atende?!
Será que já te roubaram o celular, pai?! Adianta deixar alguma coisa na caixa postal? Registra ai o meu amor versus a estrada da distância, mas veja que ele ainda o alcança.
Sabe uma coisa que nunca esqueço que o senhor disse a mais de trinta e tantos anos atrás?! Coisa que o senhor deve ter escutado de alguma música das mais sertanejas: “Um pai trata dez filhos e dez filhos não trata um pai.” Não! Eu nunca esqueci disso. Mas como está o senhor? Será que o senhor anda bem tratado? Anda feliz como um dia ensolarado? Que bom que conseguiu vender a terra que tanto queria!
Sabe que em minhas melhores lembranças eu vejo o senhor em vários retratos. Os retratos maiores são das suas pequeninas na traseira do jipe junto às mercadorias para serem entregues. E a mãe dizendo: Não pode levar tudo isso João ou não vai caber as meninas. Deixa elas lá na casa da minha irmã Sílvia.
- Eu quero ir na frente pai!
- Não! Na frente vai o Onofre que vai descarregando.
- Deixa ir no colo dele pai!
- Nada disso! Vocês vão quietinhas lá atrás. (grita a voz imperiosa da mãe) Aquela voz que todos obedecem para não ganhar côro ou perder o direito à viagem. Nossa mãe parecia possuir um coração selvagem.
Lembro também da exposição agropecuária. A gente jogando argolas nas garrafas de refrigerantes. Depois a gente andando de roda gigante. A mãe podia até reclamar que o senhor como marido pouco valia, e que nos via pouco, mas também não batia. Para mim o senhor era o pai das melhores paradas e valia ouro. E tinha as paradas de goiabada no garfinho, de sorvete de maria-mole e doce de leite no canudinho. Os momentos eram juntos com seu trabalho mas que lembro com carinho.
E agora o que faço com este número de celular não atendido na mão? Estou mandando por essas linhas um pouco do meu coração.
www.recantodasletras.com.br/cronicas/1742992
Marília L. Paixão
Quantos meses sem falar com o senhor e quando soube que já tinha até celular fiquei toda feliz. Mas cadê o senhor que não atende?!
Será que já te roubaram o celular, pai?! Adianta deixar alguma coisa na caixa postal? Registra ai o meu amor versus a estrada da distância, mas veja que ele ainda o alcança.
Sabe uma coisa que nunca esqueço que o senhor disse a mais de trinta e tantos anos atrás?! Coisa que o senhor deve ter escutado de alguma música das mais sertanejas: “Um pai trata dez filhos e dez filhos não trata um pai.” Não! Eu nunca esqueci disso. Mas como está o senhor? Será que o senhor anda bem tratado? Anda feliz como um dia ensolarado? Que bom que conseguiu vender a terra que tanto queria!
Sabe que em minhas melhores lembranças eu vejo o senhor em vários retratos. Os retratos maiores são das suas pequeninas na traseira do jipe junto às mercadorias para serem entregues. E a mãe dizendo: Não pode levar tudo isso João ou não vai caber as meninas. Deixa elas lá na casa da minha irmã Sílvia.
- Eu quero ir na frente pai!
- Não! Na frente vai o Onofre que vai descarregando.
- Deixa ir no colo dele pai!
- Nada disso! Vocês vão quietinhas lá atrás. (grita a voz imperiosa da mãe) Aquela voz que todos obedecem para não ganhar côro ou perder o direito à viagem. Nossa mãe parecia possuir um coração selvagem.
Lembro também da exposição agropecuária. A gente jogando argolas nas garrafas de refrigerantes. Depois a gente andando de roda gigante. A mãe podia até reclamar que o senhor como marido pouco valia, e que nos via pouco, mas também não batia. Para mim o senhor era o pai das melhores paradas e valia ouro. E tinha as paradas de goiabada no garfinho, de sorvete de maria-mole e doce de leite no canudinho. Os momentos eram juntos com seu trabalho mas que lembro com carinho.
E agora o que faço com este número de celular não atendido na mão? Estou mandando por essas linhas um pouco do meu coração.
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