O DIA DA GRANDE NOITE
Devo começar esta crônica agradecendo: obrigado Senhor. Sim, correu tudo bem. O estresse que tomou conta de mim, durante a semana, acabou no momento em que os meus convidados, amigos e parentes chegaram para a festa.
A sexta-feira foi angustiante – até a hora marcada. Perdi, várias vezes, a calma. Esbravejei, pus culpa nos outros, lamentei o tempo que corria apressadamente, pensei negativamente e quase tive um surto quando fiquei esperando, uma hora, a minha esposa sair da esteticista.
O ditado “está uma pilha de nervos” funcionou e parece ter sido feito para mim. Se alguém me tocasse, saía faísca. A todo o momento eu perguntava se isso ou aquilo já tinha sido providenciado. Em seguida, checava a lista de afazeres, discutia e esbravejava mais uma vez. Para falar a verdade, foi um bom teste para saber se eu era uma pessoa cardíaca ou não.
Na sexta, logo cedinho, dois jornais publicaram matérias falando a respeito. À tarde, entrevista no canal de televisão. Acho que gostaram da minha participação - no dia anterior ao dia “D”. Quiseram de novo. Desta vez, para o jornal das seis. Isso em nada mudou o meu nervosismo.
Paralelamente, a isto tudo, os compromissos com os pagamentos do mês. Todos eles. Água, luz, telefone, cartão de crédito, colégio dos filhos, lojas, etc. Ah! E pagamento aos fornecedores do evento: buffet (Arre! Este francês!), pessoal de apoio, material gráfico. Um corre-corre danado.
Fisicamente eu já estava eu trapo: a garganta completamente “tapada” (o entra e sai do carro, numa cidade onde a temperatura média ultrapassa os 36 graus, é veneno puro), os olhos começando a se irritarem, o nariz coçando, a pele do corpo se repuxando, enfim, se aquilo tudo demorasse mais um dia, eu não sei não...
Mas, finalmente, a noite chegou. Tomei banho e fui vestir a roupa que tinha escolhido para ir ao acontecimento mais marcante, para mim, dos últimos dezesseis anos (o último grande acontecimento havia sido o nascimento do meu filho Pedro). Primeiro problema: a calça teimou em não fechar na cintura. Por um lapso de memória, esqueci-me, completamente, que havia adquirido uns quilinhos a mais desde a compra da referida peça. O jeito foi me deitar e fazer um enorme esforço para encolher a barriga e, com isso, fechar zíper e o cós da calça. Nos primeiros minutos, parecia que eu tinha parado de respirar tamanha foi a pressão do tecido na região dos pneuzinhos. Aos poucos, eu fui conseguindo respirar com mais naturalidade e, depois de uns pulinhos para acomodar e equilibrar as coisas, quase não se notava a lata de sardinha em que eu me metera.
O resto foi fichinha. Pronto, saímos em direção ao local da grande noite. No caminho, ainda repassando os afazeres, a descoberta de inúmeras falhas, tipo: faltou convidar fulano de tal... Bem, neste momento, eu relaxei, pois percebi que não tinha como voltar no tempo. Tudo já estava sacramentado. Ao meu lado, um colega de profissão. Ia fazer voz e violão. "Aquele"... estão lembrados? O de “Manias e Costumes”! Uma figura! Quando eu passei em sua casa para levá-lo comigo ele me disse: "Só vou porque é para você, pois hoje eu acordei “ruim”, meio deprê, com vontade de sumir..."
De repente, o grande momento! Convidados chegando, abraços, as trocas de gentilezas, eu mais nervoso ainda, a alegria e o orgulho nos semblantes dos meus familiares, o mestre de cerimônias abrindo o evento, falas dos responsáveis, elogios, a minha fala...
Agradeci ao Pai, agradeci ao meu pai que já se encontra junto ao Pai; lembrei da minha condição de filho adotivo: agradeci às duas mães. Agradeci aos meus familiares, a todos os amigos que compareceram e me prestigiaram, pedi desculpas aos que me esqueci de convidar para aquele momento e, finalmente, sentei-me para autografar o meu livro “Um Olhar Sobre O Cotidiano”...
A sensação que senti depois? A sensação do dever cumprido.
Obs. O cronista entregando um exemplar do livro a poetisa Sulla Mino, colaboradora do jornal O Mossoroense.
Devo começar esta crônica agradecendo: obrigado Senhor. Sim, correu tudo bem. O estresse que tomou conta de mim, durante a semana, acabou no momento em que os meus convidados, amigos e parentes chegaram para a festa.
A sexta-feira foi angustiante – até a hora marcada. Perdi, várias vezes, a calma. Esbravejei, pus culpa nos outros, lamentei o tempo que corria apressadamente, pensei negativamente e quase tive um surto quando fiquei esperando, uma hora, a minha esposa sair da esteticista.
O ditado “está uma pilha de nervos” funcionou e parece ter sido feito para mim. Se alguém me tocasse, saía faísca. A todo o momento eu perguntava se isso ou aquilo já tinha sido providenciado. Em seguida, checava a lista de afazeres, discutia e esbravejava mais uma vez. Para falar a verdade, foi um bom teste para saber se eu era uma pessoa cardíaca ou não.
Na sexta, logo cedinho, dois jornais publicaram matérias falando a respeito. À tarde, entrevista no canal de televisão. Acho que gostaram da minha participação - no dia anterior ao dia “D”. Quiseram de novo. Desta vez, para o jornal das seis. Isso em nada mudou o meu nervosismo.
Paralelamente, a isto tudo, os compromissos com os pagamentos do mês. Todos eles. Água, luz, telefone, cartão de crédito, colégio dos filhos, lojas, etc. Ah! E pagamento aos fornecedores do evento: buffet (Arre! Este francês!), pessoal de apoio, material gráfico. Um corre-corre danado.
Fisicamente eu já estava eu trapo: a garganta completamente “tapada” (o entra e sai do carro, numa cidade onde a temperatura média ultrapassa os 36 graus, é veneno puro), os olhos começando a se irritarem, o nariz coçando, a pele do corpo se repuxando, enfim, se aquilo tudo demorasse mais um dia, eu não sei não...
Mas, finalmente, a noite chegou. Tomei banho e fui vestir a roupa que tinha escolhido para ir ao acontecimento mais marcante, para mim, dos últimos dezesseis anos (o último grande acontecimento havia sido o nascimento do meu filho Pedro). Primeiro problema: a calça teimou em não fechar na cintura. Por um lapso de memória, esqueci-me, completamente, que havia adquirido uns quilinhos a mais desde a compra da referida peça. O jeito foi me deitar e fazer um enorme esforço para encolher a barriga e, com isso, fechar zíper e o cós da calça. Nos primeiros minutos, parecia que eu tinha parado de respirar tamanha foi a pressão do tecido na região dos pneuzinhos. Aos poucos, eu fui conseguindo respirar com mais naturalidade e, depois de uns pulinhos para acomodar e equilibrar as coisas, quase não se notava a lata de sardinha em que eu me metera.
O resto foi fichinha. Pronto, saímos em direção ao local da grande noite. No caminho, ainda repassando os afazeres, a descoberta de inúmeras falhas, tipo: faltou convidar fulano de tal... Bem, neste momento, eu relaxei, pois percebi que não tinha como voltar no tempo. Tudo já estava sacramentado. Ao meu lado, um colega de profissão. Ia fazer voz e violão. "Aquele"... estão lembrados? O de “Manias e Costumes”! Uma figura! Quando eu passei em sua casa para levá-lo comigo ele me disse: "Só vou porque é para você, pois hoje eu acordei “ruim”, meio deprê, com vontade de sumir..."
De repente, o grande momento! Convidados chegando, abraços, as trocas de gentilezas, eu mais nervoso ainda, a alegria e o orgulho nos semblantes dos meus familiares, o mestre de cerimônias abrindo o evento, falas dos responsáveis, elogios, a minha fala...
Agradeci ao Pai, agradeci ao meu pai que já se encontra junto ao Pai; lembrei da minha condição de filho adotivo: agradeci às duas mães. Agradeci aos meus familiares, a todos os amigos que compareceram e me prestigiaram, pedi desculpas aos que me esqueci de convidar para aquele momento e, finalmente, sentei-me para autografar o meu livro “Um Olhar Sobre O Cotidiano”...
A sensação que senti depois? A sensação do dever cumprido.
Obs. O cronista entregando um exemplar do livro a poetisa Sulla Mino, colaboradora do jornal O Mossoroense.