E AGORA, QUAL É A MINHA VERDADE?

Por que hoje é domingo melhor ser alegre que ser triste. Sou, estou alegre. Mas veja bem, se todo poeta é um fingidor como afirmou Fernando Pessoa, eu posso afirmar que estou triste. Eu posso escrever uma prosa poética falando da minha “tristeza”. Veremos como me saio:

Embora tenha confessado que eu não sou um ser triste, por natureza, não sou. Só que vez por outra lido com a tristeza que me chega sem avisar. E como dói! E como me faz sofrer! Minhas mãos se crispam, meu corpo se retesa, meus olhos fitam o vazio, meus pensamentos rodopiam e eu indago: A causa! A causa! A causa! O por quê? O por quê? A garganta sufoca o grito, a dor dilacera o peito, a angústia de o nada poder fazer destempera os sentidos. E o amanhã que nunca chega transforma a esperança em utopia. Se o peito dói, a vontade é que ele exploda de uma vez!

Agora, se eu quisesse falar da minha alegria por que hoje é domingo? Como me sairia? Veremos:

Confessei sim, que eu não sou um ser triste, lido mais com a alegria do que com a tristeza. Se a tristeza dói? Desconheço, quase nunca a sinto! As minhas mãos vivem estendidas na direção de quem delas precisam; não existe tensão no meu corpo; meus olhos só procuram a beleza; o meu pensamento é centrado, em mim não existem, causas nem porquês. Não existe grito preso na minha garganta; o meu peito é livre, desconhece a angústia e os meus sentidos também desconhecem a destemperança. Eu tudo posso. O meu amanhã sempre chega, a minha esperança é certa e não talvez. E já que o meu peito não dói, a vontade que eu tenho é que ele conserve o grande amor que existe dentro dele.

E agora, qual a a minha verdade? Sou a alegre ou sou triste?

Zélia Maria Freire
Enviado por Zélia Maria Freire em 09/08/2009
Reeditado em 09/08/2009
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