MORRI. "AQUI JAZ O CAVALEIRO BEM MOÍDO E MAL ANDANTE"

Estou aqui jogando bolinhas de papel na tela do computador, pensando na morte da bezerra e em Shakespeare, nas suas tragédias... Romeu and Juliet; MacBeth; King Lear; Othello e Anthony and Cleópatra... Fico tentando me situar em meio a esses dramas me passando por vítima, posso ser Juliet, MacBeth, Cordelia, Desdemona, Cleópatra, só não sei por que cargas d’água não me vejo como a doce figura de Aninha Page amada por todos na comédia As Alegres Comadres de Windsor ou até mesmo a mais amável criação de Shakespeare , que foi a heroína Helena na comédia Bem Está o que Bem Acaba, baseada na novela Decameron de Boccacio (assista a próxima serie da Globo que trata dessa novela), mas não, só atraída pela tragédia, até por personagens como Beatriz de Benedito, Rosalina de Biron e Catarina de Petrucchio, que vivem na base da concórdia/discórdia, terminando com a submissão de uma das partes,isto noutra comédia de Shakespeare, Muito Barulho Para Nada.

Mas também quero me sentir Dom Quixote, quero salvar a Senhora Dulcinéia, quero lutar contra os moinhos de vento, tantos encontrem no meu caminho, mas os meus braços não são longos, a minha lança nada alcança e o meu cavalo já não domino. Assim, não passo de uma triste figura, só me restando a imaginação como caminho a percorrer, pois a esta altura já “Não sei o que sou nem o que faço”. (non so più cosa son Cosa faccio – ta lá em “Fígaro de Mozart )

Isto posto. Morri. E “aqui jaz o cavaleiro / Bem moído e mal andante” (Cervantes)

Zélia Maria Freire
Enviado por Zélia Maria Freire em 08/08/2009
Reeditado em 08/08/2009
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