E-mail surpresa
 
Olha, eu acho que depois dos trinta são poucas as coisas que nos fazem sentir como adolescentes. Talvez comprar um carro novo, uma nova paixão, uma viagem a Paris...
Pois é. Mas existem outras coisas que nos fazem ficar bobos e rindo àtoa. Receber um e-mail de Danuza Leão é uma delas.
Meio como quem não quer nada, mandei-lhe um e-mail falando sobre o seu livro, que amei, e quais as impressões que me causaram.
Escrevi muito, o que é normal. Falei de amigos, da vida e da sensação gostosa que foi ler Quase tudo. Falei quase tudo o que se passou pela minha cabeça.
Agradeci o livro e como um fã, que nem sei se sou, falei que iria encontrá-la na Bienal. E, por fim, enviei o tal e-mail e me esqueci dele.
No dia seguinte, estava lá na minha caixa postal: Danuza Leão. Quase tive um troço e, nervoso, abri o e-mail e fiquei abobalhado. Ela me respondeu. Parecia que tudo era novo outra vez e me vi no colégio mostrando aos colegas o troféu almejado.
Foi bom. É bom. Despertou dentro de mim um adolescente tardio e mal posso esperar para que na Bienal eu a encontre e ganhe um autógrafo. Mas como ela mesmo disse: identifique-se, que eu não sou adivinha!...
Pode deixar, Danuza, eu me identificarei!
 
Notas do autor:
1. Eu realmente me encontrei com ela na Bienal e foi muito legal. Ela disse que se lembrava do e-mail e me agradeceu. Se ela disse a verdade, eu não sei, mas que ela foi muito simpática, isso garanto. Ah... ela autografou o meu livro e também tirou uma foto comigo! Coisas de adolescente...
 
2. Antes de publicar este livro, eu enviei este texto a ela que me respondeu assim:
A-do-rei seu e-mail, Márcio. Foi uma delícia, me senti o máximo, bj, Danuza
 
 
Texto publicado no livro Muito Mais, de Márcio Martelli, Editora In House (2007).