GOZAR A QUALQUER PREÇO

Tomando como referência as palavras de um dos destaques da Psicanálise Charles Melman “O indivíduos nunca pensaram tão pouco como hoje...”

Quem é esse homem que coloca o prazer à frente do saber? Que não mais interroga sobre seus valores?

Ainda na infância, aprendi que nossa sensibilidade é infinita, ora estamos envolvidos com o amor, ora com a vida profissional, ora com os prazeres da vida, o fato é que estamos sempre sentindo, e é esse sentimento que nos impulsiona a continuar, ainda que não se saiba o quÊ.

A sociedade moderna está bem nutrida de homens com uma extrema inquietação em virtude de uma revolução interna vivenciada. Desejamos acima de tudo e podemos, pois estamos cercados de possibilidades, de escolhas e o objetivo maior é estar em cena, captar olhares, ser sedutor. O homem busca o gozo. A partir do momento em que há no sujeito um tipo de desejo, ele se torna legítimo, então é legítimo o indivíduo encontrar sua satisfação e, via de regra, há o desaparecimento do limite, ou melhor, ultrapassamos os limites, a questão atual é o exibir a nós mesmos, as nossas conquistas e ainda as pessoas que de alguma forma aguçam o nosso ego. Há uma exibição de prazer e isso implica em novos deveres, dificuldades e sofrimentos. O excesso se torna a norma.

Para o Existencialismo, o homem está sempre separado de si mesmo, o homem está aqui, mas também está aí, ele está também no lugar para o qual tende, no qual quer estar, no qual se imagina estar, sofrendo ou gozando com as criaturas de sua imaginação.

A possibilidade de escolha a qual o homem se vê imerso, o angustiam, pois há uma total liberdade, mas ela é estéril para o pensamento. Diante de tantas ofertas, estímulos e informações, o homem é atravessado pelas questões da cultura e se retrai num vazio, num profundo desacordo interno e age ali onde o gozo não tem limite.

O problema fundamental do homem atual é o vazio. Com isso quero dizer não só que muita gente ignora o que quer, mas também que frequentemente não tem uma idéia nítida do que sente. Quando falam sobre falta de autonomia, ou lamentam sua incapacidade para tomar decisão, dificuldades presentes em todas as épocas, torna-se evidente que seu verdadeiro problema é desconhecer seus próprios desejos e necessidades, oscilam para aqui e para ali se sentindo dolorosamente impotentes.

Pois bem, o quero dissecar em poucas palavras é que agora realmente gostaria apenas de atingir a quietude e que um dia vi a chance de ganhar o mundo no outro.

Não era para ser assim, mas o gozo sobrepõe à razão.

Quênia Rodrigues
Enviado por Quênia Rodrigues em 07/08/2009
Código do texto: T1741737
Copyright © 2009. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.