Adolescência
João dos Santos Leite – Psicólogo - CRP 04-2674
Adolescência
Os manuais dizem ser a etapa de transição entre a infância e a vida adulta, momento de ebulição de impulsos, império de sentimentos contraditórios, emoções exuberantes.
Os organismos de proteção a consideram como fase de grande vulnerabilidade e alto grau de risco às influências malignas: drogas, marginalidade, gravidez, DST-AIDS....
As mães, com toda razão, acham a adolescência uma chatice, demora um século para passar, tamanha a “aborrecência” de filhos rebeldes.
Da minha parte, digo que é tudo isto e muito mais. O aborrecimento, os arroubos emocionais, a exuberante rebeldia, as ações perigosas são as riquezas da sociedade.
O que seria da cultura sem a exuberância, os ideais, os planos mirabolantes da adolescência?
Uma mesmice. Não teríamos Chapeuzinho Vermelho, A Bela Adormecida, nem Romeu e Julieta. Não iríamos à lua, não navegaríamos pela Internet.
O esforço do adulto não é para abortar a adolescência, mas tão somente cuidar para que ela se desenrole serenamente, que a efervescência dos seus apelos não encontre pelos caminhos lobos famintos demais, nem venenos tão potentes que maculem a sua beleza criativa.
Para isso basta aos adultos um mínimo de estabilidade, um tanto de afetividade, umas pitadas de compreensão e tolerância, um pouco de respeito e paciência e nunca esquecer o tempo de sua vida que também foi adolescente!