"EU TE AMO, MAS FIQUE LONGE DE MIM!"
Essa frase atípica e paradoxal, infelizmente, foi proferida com muita empáfia e arrogância por uma linda adolescente, dirigindo-se à sua genitora, em plena via pública, quando passava bem próximo ao meu ponto comercial. Já de longe, qualquer transeunte mais atento dava perceber que o diálogo entre as duas não era nada amigável. Ambas já vinham se desentendendo por algum motivo estritamente pessoal e, portanto, ninguém tinha nada a ver com isso. Só que, segundo as más línguas, principalmente dos vizinhos, isso é um fato corriqueiro e ainda bem quando fica só no âmbito verbal. A garota, filha única, repito, bonita e, consequentemente, bastante paquerada, cobiçada pelos garotos e adultos em geral aqui do nosso bairro, chega a esnobar os seus dotes físicos, pois não se cansa de transitar pela rua, sem mais nem menos, falando alto, dando risadas para chamar a atenção de qualquer pessoa. E, dificilmente anda sozinha. Sempre perambula acompanhada com várias coleguinhas da mesma idade. O seu jeito alegre e faceiro, dono de um corpinho provocante faz da Karina, o pivô das atenções da ala masculina, sempre complementadas de comentários libidinosos, para não dizer, maldosos, insinuantes, etc. Mas isso não é nenhuma novidade para aquela linda jovem. Ela sabe e tem consciência que todos ali a desejam e quer. Alguns talvez estão apenas aguardando que ela atinja a maioridade, ganhando mais maturidade, pois corpo ideal já o tem.
Mas, voltando ao ríspido diálogo da jovem em questão com a sua mãe, vale ressaltar que esta senhora é bastante doente, pois está passando por uma longa crise de depressão aguda, crônica, a qual já ficou internada, amiúde, por algum tempo, mas logo que melhora, regressa ao seu lar conturbado, levando pois, uma vida instável em todos os sentidos. Muitos vizinhos e outras pessoas que a conheceram antes dessa terrível e apavorante doença lamentam agora, tendo muita dó dela, sem poder ajudá-la. Quando ela tinha a saúde estável, trabalhava como ajudante num salão de beleza aqui mesmo nas proximidades e era benquista por todos. Agora que está nessa fase de alienação, quase ninguém lhe dá atenção visto que não faz por onde merecer nada disso. O seu semblante já diz tudo, estampando um olhar perdido, instável, além das suas roupas e o modo de andar trôpego e incerto. Tudo isso ratifica que essa senhora não está com as suas faculdades mentais normais. A sua válvula de escape para o seu sério problema, segundo qualquer pessoa pode perceber é o seu tabagismo incontrolável. Não tem a mínima vergonha de pedir um cigarro atrás do outro a qualquer pedestre. Portanto, dificilmente ela passa segurando um e jogando fumaça para tudo quanto é lado.
Ainda bem que ela não se entregou ao vício da bebida. Pois, nesse caso, álcool+cigarro ninguém iria mesmo aguentá-la. Enquanto ela só consome o segundo, até que não perturba tanto, agora já imaginou se tivesse tendência etílica também incontrolável? Seria aquele sufoco diário para rebocá-la ao seu apartamento sem falar em possíveis escândalos verbais. Triste sina essa de quem não tem uma vida normal e uma saúde controlável. Fato esse desconhecido por uma adolescente que enche o peito (e que peito!...) e diz amar a sua mãe, mas, concomitantemente, pede que ela fique longe da sua pessoa!...Pode isso??
João Bosco de Andrade Araújo
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