Não é fácil
Hoje, mais do que de costume, prestei muito mais atenção às pessoas, enquanto vinha para o trabalho.
A oportunidade seu deu porque hoje peguei todos, mas todos os semáforos fechados.
Daí pude prestar mais atenção naquelas pessoas que iam e vinham pela faixa de pedestres. Cada rosto uma expressão, cada qual uma história que eu não ia conhecer, mas em todos eles sem exceção, pressa, muita pressa.
Consegui prestar atenção nas expressões que cruzavam à minha frente ou que estavam em nos carros a meu lado, umas tensas, algumas carrancudas, outras distantes, umas tristes e pouquíssimas ou quase nenhuma sorrindo ou com expressão mais feliz, nenhuma cantarolando sozinha (como eu geralmente faço, afinal, quem canta os males espanta!). Fiquei pensando com meus botões:
- Onde vamos chegar deste jeito?
- Por que tanta pressa, mau humor, azedume com a vida?
- Será que ninguém por quem eu passei hoje de manhã, tinha sequer um motivo para estar menos tenso ou mais tranqüilo?
O pior de tudo, é que percebi que esta é uma rotina que tenho visto diariamente, e provavelmente o que me incomodou foi constatar que estava passando por ela sem dar a devida atenção.
O que isto significou para mim?
Causou uma tristeza grande notar que a grande maioria das pessoas se parece mais com zumbis, deixaram de olhar para os lados.
O Netinho, um amigo querido de Uberaba, conheci-o quando das minhas peregrinações àquela terra, na busca pela doce sabedoria do querido Chico Xavier), costuma falar da importância de olharmos para os lados, são oportunidades de aprendizado, onde podemos às vezes prestar algum socorro a alguém, ou até a nós mesmos vendo alguma situação que nos acrescente algo de bom. Desde que ele me falou disso, não fui mais a mesma, pois passei a olhar mais para o lado e isto tem me ensinado muito.
É impossível conceber, que todos que cruzaram hoje o meu caminho, não tinham qualquer motivo para carregar consigo uma expressão mais leve, menos conturbada!
Tenho aprendido muito, lido muito, mudado muitas coisas e ainda assim eu convivo diariamente com a enormidade da minha imperfeição; com a estupidez de alguns vícios tão pequenos, mas tão difíceis de abandonar; surpreende-me perceber quão pueris ainda são algumas das minhas atitudes, quão pequena é minha sabedoria e quão enorme é a minha ignorância!
Falei tanto, misturei assuntos e emoções... confundi quem me lê, até eu me confundi...
Tudo isso para perceber que apesar de toda a “minha” imaturidade espiritual, eu me levanto todos os dias, agradeço pela vida, peço a bênção do Pai em minha vida e na de todos, me ofereço a Ele para ser um instrumento do Seu amor e assim, tenho conseguido ser menos azeda e mais doce; ser menos reclamona e mais agradecida; ser menos dispersa e mais atenta; ser menos rude e mais gentil; ter menos mau humor e mais alegria e ter menos pressa e mais calma; ser menos carrancuda e mais suave nas feições e gestos...
Mas como diz a música que toca agora no som ambiente enquanto digito.... não é fácil!