SER OU NÃO SER?





No mês passado, em conversa com uma das pessoas mais importantes da minha vida, escuto o seguinte:


- Perguntaram por você, outra vez, em Itaipava!


- Outra vez? Você não avisou que não moro mais no Rio?


- Disse, claro, mas a resposta foi engraçada. 


- Algo me diz que não vou achar a menor graça, mas quem ri por último, precisa de piada com legenda. O que ele disse?


- Que você é virtual.
 

Entrar em contato com minha suposta virtualidade foi um tanto estranho. De repente, imaginei que estaria desmaterializada do belíssimo cenário serrano, de onde guardo doces lembranças.


Entretanto, em seguida, a pergunta óbvia: como viveria um ser virtual?


Aliás, o que é um ser virtual?!


Alguém com todas as características para existir na realidade, mas ainda sem representação material no mundo concreto?


Gente, mas isso me lembra alguma coisa!


Claro! Costumo dizer que, no momento, estou fechada para reformas homeopáticas! Isso é que dá ser empreiteira de mim mesma! Provavelmente, este texto deve ser efeito do meu distúrbio tireoidiano, o tal "bócio criativo". Melhor acreditar na criatividade, ou então, "sono virtual", vulgarmente conhecido por insônia.


Espero que meu caro (tomara, nunca raro) leitor perdoe a confusão desta crônica!


Minha endocrinologista afirma que é preciso algum tempo até ficar equilibrada.


Quando soube disso, não contive o riso e ela esclareceu:


- Me refiro ao equilíbrio da tireóide.


Pois é! Também sorri ao ouvir o termo! Equlíbrio me parece a coisa mais virtual do mundo!


Meu Deus, onde foi parar o tema dessa crônica! Eu deveria gritar:


- Neurônios, uni-vos!


Confesso temer que eles não atendam, ou pior, não entendam, o meu chamado por acreditarem que sou virtual!


Gente! Isso pega!
 

Estou realmente (ufa! um avanço) viajando na idéia.


Então, segue a crônica!


Minha suposta virtualidade é facilmente justificável. 


Se você conseguiu ler este suplício até aqui, calma. É virtual!


E vou explicar agora, do ponto de vista filosófico, a conclusão da virtualidade que me envolve.


Não apareço mais nos lugares onde a maioria freqüenta porque deseja ser vista.


Sim, é verdade. Existem lugares onde as pessoas comparecem apenas para que os outros comentem:


- Vi fulano lá.


- Ontem estava com beltrano ali.


- Semana passada também encontrei ciclano!


Logo, a máxima do pensamento contemporâneo em certos segmentos é:


"Se não está ali, visível, deixará de existir".


Confesso, não estou mais ali.


Portanto, pela "lógica" rasa e superficial, deveria me considerar "virtual"?


Lamento (ou seria me orgulho?) informar que sou de carne e osso. E pouco me importa ser vista em determinados lugares.


Sou o que posso ser. E invisível ou virtual para aqueles que desejam engessar as pessoas em padrões, lugares e rótulos.


Me incluam "fora disso"! Detesto rótulos. Não me prendo a gêneros e sinceramente, não ligo a mínima para as classificações.


No entanto, penso. Logo, devo existir porque sou insistente e gosto da vida.


E ainda mais, da liberdade!






(*) Imagem: Google? Não! Eu mesma! :)



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Dolce Vita
Enviado por Dolce Vita em 05/08/2009
Reeditado em 05/08/2009
Código do texto: T1738569
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