Ninguém é culpado
Como nas civilizações modernas, que não admitem pessoa culpada criminalmente até decisão final, que não caiba mais recurso, o amor segue o mesmo caminho.
Arrumou-se da melhor maneira possível, roupas discretas e elegantes. Não queria fazer feio diante da bela moça com quem marcara encontro.
Quatro horas da tarde, um sábado de clima ameno. O bar conhecido por todos , com suas velhas e conservadas mesas e cadeiras, servia de testemunha. Elegante, ele puxou a cadeira para ela se sentar, não esperando que o garçom fizesse isto.
Belíssima. Na verdade, a roupa poderia ajudar mais, mas a juventude perdoava a falta. Tinha 22 anos, conforme confessara. Sim, confessara. Pois que mulher para dizer a idade certa não se encontra facilmente.
Ambos ainda encontravam-se na idade bonita e um tanto preocupante de menos do que trinta anos. Ela tirou da bolsa um maço de cigarros, ofereceu ao companheiro e diante da negativa, acendeu e tragou a fumaça. Os ares eram lascivos. Não se tratava de convite sexual; esta idade é assim mesmo.
Os bem tirados chopes, característica do lugar, eram consumidos com moderação, por ambos. O primeiro encontro é sempre mais difícil. A impressão fica marcada.
Ela falava muito, mostrando certa pobreza intelectual. Belas pernas, para compensar. Quando fazia o movimento de cruzá-las, percebia-se o estudo que permitia ver as bem feitas coxas.
“Vou levar para um motel e sumo”, pensou ele. Falava pouco, limitando-se a escutar e dar pequenas respostas. Admirava a sua beleza, afagou-lhe mãos, dei um furtivo beijo na boca, tocou-lhe as pernas. Além de bem feitas, rígidas, o que demonstrava a ginástica em academia. Foi direto ao assunto, chamando para saírem.
- Motel?
- Sim. Acho que podemos, não?
- Claro que podemos. Mas ainda ficou faltando uma coisa. O preço.
- Preço? Tem preço, quer cobrar?
- Claro, meu querido! Você é bonito e jovem. São duzentos reais por hora. Cobro bem mais caro desta velharia.
Pagou a conta, despediram-se e o início da escuridão da noite, talvez, curasse o rapaz que imaginava ter feito uma conquista.