A força do bambu
Uma pergunta: _O que mantém o bambu em pé, mesmo ele chegando a 5 e até 6 metros de altura, embora enfrentando toda a sorte de intempéries? Vejam que, diferentemente das árvores, que vão aumentando a largura dos seus troncos conforme crescem, o bambu permanece na mesma bitola em toda sua extensão e durante todo o seu crescimento. É lógico que ele possui raízes profundas e poderosas, o que lhe dão boa resistência contra o vento e as tempestades, mas o que o mantém ereto, rumo ao céu, é a grande quantidade de nós ao longo do seu corpo, distribuídos simetricamente, aproximadamente a cada dez centímetros um do outro. Esses nós fazem por enrijecer cada espaço, dando na soma total um bambu completamente forte e poderoso, mantendo-o na sua posição altaneira e exuberante.
O povo oriental, em sua sabedoria milenar, está sempre buscando na natureza os exemplos a serem aplicados na vida terrena, por essa razão ele conseguiu desenvolver uma percepção muito superior a dos ocidentais, no que concerne aos recados divinos, principalmente pela sua visão mais espiritualizada e filosófica da vida, especialmente com relação ao conceito de religiosidade. Os japoneses, por exemplo, que estavam envolvidos por milhares de anos em crenças esquizofrênicas, como o apego exagerado ao patriotismo e o fato de terem em conta de que o imperador era a manifestação viva de Deus, conseguiram superar as agruras de uma derrota humilhante na segunda guerra mundial, através da reciclagem dessas pseudoverdades. O povo nipônico conseguiu adquirir esse poder de superação às grandes catástrofes, porque ele aceita cada uma delas como um novo desafio a ser enfrentado pela coletividade, ganhando assim a força necessária para continuar crescendo.
Onde eles foram buscar essa assertiva? Simplesmente espelhando-se na “força do bambu”, já que a sua própria terra natal sempre lhes propiciou terríveis provações e obstáculos naturais, como terremotos constantes, tufões, erupções vulcânicas etc., dentro de um espaço territorial muito exíguo para a sobrevivência populacional, isso porque o Japão não passa de um conjunto de ilhas de pequeno porte, insuficiente para envolver uma nação tão populosa.
Já aqui no Brasil a coisa é diferente, temos grande quantidade de recursos naturais, muito espaço territorial, a terra é fértil, o clima é favorável, não temos vulcões em atividade, enfim, comparado ao Japão, isto é o Paraíso. O enfrentamento de alguns problemas desastrosos, hoje, é algo que está surgindo na contemporaneidade, já que fazemos parte do Mundo, onde o aquecimento global está mostrando a sua cara. Afora isso, o povo brasileiro também está muito acostumado com o “apadrinhamento” dos governantes, que procuram explorar a manutenção da pobreza, através de “ajudas humanitárias” como o Programa Bolsa Família, mascarada de distribuição de renda, cujo objetivo primeiro é a perpetuidade de um grande curral eleitoral. Um exemplo vergonhoso da exploração dessa mentalidade está no uso dos recursos públicos para manter vagabundos que se intitulam sem terra, sem isto ou sem aquilo, cuja “contribuição” ao desenvolvimento do cenário brasileiro é as invasões de propriedades privadas, juntamente com depredações do patrimônio público, na maior desfaçatez.
Uma grande verdade é que o nosso país ainda mantém a sua condição de celeiro de alimentos, graças aos imigrantes que para cá vieram trazer a força da mão-de-obra do campo, mais especialmente os japoneses, que trouxeram o objetivo de trabalhar de verdade para obterem resultados, sem terem que recorrer a ajudas humanitárias, porque essa é a índole deles, cuja base está no segredo da força do bambu.
Nós, os brasileiros, estamos tão longe da realidade, que mantemos apoio à megalomania governamental de achar que a cana-de-açúcar será a salvação do mundo contra o uso de combustíveis fósseis, de forma a nos trazer grande pujança e desenvolvimento sustentável, pro resto da vida! Com isso estamos é acabando com a chance do Brasil se tornar a fonte de alimentos mundial, em troca de um fracasso redundante, ocasionado pela falta de rigidez e coragem do homem do campo brasileiro, acostumado às facilidades territoriais e às “ajudas” governamentais.