EDUCADOR, PROFESSOR E/OU BUR(R)OCRÁTICO (Denuncia quem pode, espera quem tem juízo.)
terça-feira, 30 de junho de 2009
Claudeci Ferreira de Andrade
Em uma visita de rotina, numa das escolas do município, tive o desconforto de ouvir uma aluna que denunciava um de seus professores sendo que o mesmo saía da sala de aula, a cada dez minutos, para fumar; como se não bastasse, naquele mesmo instante, veio a confirmação, da delatação, por um dos “colegas” dele, dizendo que o dito cuja se comportava da mesma forma nas reuniões pedagógicas da escola.
— Aqui o cheiro é insuportável – dizia eu para me mostrar compactuado com os reclamantes.
Saí dali com a fumaça da indignação, questionando a mim mesmo, – o que é ser educador? Aliás, sempre aparece na tela de minha mente, um quadro aterrorizador quando ouço a palavra “educador”, ainda mais quando vem de dentro para fora, isto é, quando falo a mim mesmo. A maioria das pessoas crê que o indivíduo que frequentou a faculdade, e licenciou-se ao professorado, já é um educador, mesmo que seja um delinquente moral. Um professor é bem visto por seu preparo acadêmico e competência didática. Se ele é bem sucedido em seu trabalho, o mundo o considera uma sumidade, não importa se é ou não moralmente correto. O mesmo já não é verdade a respeito de um educador, por que as suas qualidades espirituais importam mais que sua popularidade e suas aulas tecnicamente interessantes.
Então penso que quando se faz “vista grossa” ao caráter de quem ensina, a educação se transforma em poder egoísta. Poder para destruir a minoria! Poder para acabar com a paz! O homem instruído, porém viciado, simplesmente é potencializado seu poder de destruição.
Depois, em reunião do departamento, debatendo sobre aquele tema, com o grupo de técnicos da Secretaria de Educação, alguém brincou, sem pesar muito suas palavras, dizendo:
—É... nessa educação...! Eu preciso mesmo é de um remédio para deixar de ser “fumado”!
Por aquela exclamação e por outras que apelam para valorização humana e profissional: coisas sem remédio! Fui obrigado a concordar que esta é a essência dos ideais de muitos professores e alunos: denunciar por meramente denunciar e contimuar vivendo sem razão. Entretanto, o que dizer de quem não tem “sangue” de educador, mas gestiona políticas públicas educacionais? O que dizer de mim, incentivador da denúncia, se aquelas, até hoje, não saíram do meu relatório de monitoramento? Apesar de tê-lo encaminhado para quem é de direito, retornou marrotado de tanto circular e esbarrar na burocracia.
Parafraseando um lugar comum, concluo: Denuncia quem pode, espera quem tem juízo. E acrescento a chacota: Se "chiar" valesse de alguma coisa, Sorrisal não morria afogado!