Acordos Quebrados
Alguns livros eu deixei de ler.Perderam o encanto.Ficaram esquecidos com bilhetinhos dentro deles de coisas a fazer, escondidos entre parágrafos e cantos. Cantos que deixei de entender de amor, de enlaço de braços e canções.Me peguei na quina do canto em espanto, olhando congelada as minhas próprias mãos.Tão fortes em ser fracas, e firmes em fraquejar.Senti o canto de uma batida por dentro apertar, senti vontade de chorar. A lágrima não se fez. Se negou a colaborar.
Implodi sem expressão, desfiei por dentro como se estica algodão. Nada alegraria de nada valeria. Foi o pico da queda, o ápice do ponto. Fraquejaram os joelhos e não me mantive em pé, mergulhei no pronto mundo desiludido em depressão.
É essa globalização! Essa correria. Esse faz e faz, e faz mais do dia a dia. É essa loucura mal disfarçada em calmaria que me pega todo dia. Essa agitação constantemente inconstante, que me mantém em desacordo desagrado comigo. Não persisto, perco a força. Me aterro até os joelhos na depressão movediça.
Quebrei meus acordos de vida comigo, me expus assim totalmente a esse perigo. Acordos de esforço pra por sorriso no rosto, buscar sentir alegria e assim plantar felicidade. Fui me esvaindo sugada pelo ralo das tristezas frias. Deixei de ler minha vida com alegria. Pulei páginas, outras abandonadas estiveram em branco. Os bilhetes de amor; deixei de canto. Cansei de entoar os cantos da alma, que acalma. Coração de canto perdeu pela vida o encanto, e desencantou em arrítmica depressão, frio desatino.
Até quem sabe minha força vitalizar, enrubescer em luz, ser mar de raio em brilho sorrir. Até a íris colorir em prazer. Porque o pôr e o nascer do sol são em terras montanhosas de geográfica depressão. Mas a luz nunca se vai totalmente. O que é a noite senão luz ausente, por tempo determinado, a me lembrar que tudo tem seu tempo. E toda depressão precede a inevitável ascensão da vida.