Códigos de Amor
Remexendo uma caixa empoeirada em cima do guarda-roupa na casa da minha mãe, encontrei tanto de um tempo diferente.
Fotos da turma da escola, cadernos, papeis de carta, cartões de aniversário e um projeto de diário. Nunca tive muita paciência pra escrever todos os dias os fatos nele, mas como toda coisa nova motiva, por pura motivação da novidade havia meia dúzia de coisas escritas. Uma página marcada com uma folha de arvore, um marca página artesanal com fichas telefônicas. Uma lista com possíveis nomes da minha banda de rock ao lado das profissões que seguiria. E ainda umas três páginas dedicadas àqueles questionários de cadernos pergunta-resposta, onde todos respondiam sobre cor favorita, filme predileto, de quem estava gostando, e em quem queria dar um beijo se pudesse.
Lembranças engraçadas.
No final do quase diário, após páginas em branco, encontrei uma conversa escrita, entre eu e uma antiga amiga. Tínhamos sido veementemente repreendidas pelas conversas paralelas durante a aula de geografia, e pra continuar a conversa que estava boa, escrevemos o diálogo no fim do diário:
- É assim, se o papel de bala tiver um nó só, então é beijo na bochecha. Se tiver dois nós é beijo na boca.
- Mas aí tem que beijar? Não pode mandar de volta o papel de bala com três nós de NÃO?
- Tá louca! Três nós não é nem namoro, é casamento. Não manda isso não!
- Mas se eu não gostar do beijo dele?
- Ele mandou uma bala de uva pra você e um papel de bala de cereja com dois nós! É quase uma declaração de amor. Deve estar apaixonado!
- Eu não imaginava que era assim que saberia que alguém gosta de mim.