O DESCHEFE DO INEXECUTIVO
"Não é mérito, mas, pela primeira vez na história da República, a República tem um presidente e um vice-presidente que não têm diploma universitário. Possivelmente, se nós tivéssemos, poderíamos fazer muito mais." (Fonte: Primeira Leitura 13/09/2003 e Radiobrás).
São palavras do Presidente da República, o senhor Luiz Inácio Lula da Silva que nos fazem pensar: afinal de contas, onde esse senhor pretende chegar? Essa afirmação perpassa pelo demérito ao estudo acadêmico, ou pela desvalorização do cargo eletivo que o autor da frase hoje ocupa? Talvez seja uma confusão que afete apenas a mim, pobre mortal. Mas eu vejo por dois pontos de vista divergentes: “não tenho formação universitária e ainda assim cheguei à Presidência da República” ou “à Presidência da República chega até quem não tem formação universitária”.
Em princípio, fico meio perdida nesse pensamento. Mas, depois, quando eu ouço afirmações como “Eu não votei no Sarney, portanto não é problema meu”, ai as coisas começam a fazer algum sentido. Ou seja: É UMA BAGUNÇA MESMO! Esse é o sentido. Então quer dizer que, (concluo por analogia) o Presidente Lula só é presidente daqueles que o elegeram? Quem não votou no Lula não se vê atingido pela imoralidade no Congresso, pela morosidade judiciária, pelo desemprego, pela falta de proteção ambiental, pela falta de planejamento e investimentos em setores essenciais. É isso, ou estou novamente confusa?
"Não tem geada, não tem terremoto, não tem cara feia. Não tem Congresso Nacional, não tem um Poder Judiciário. Só Deus será capaz de impedir que a gente faça este país ocupar o lugar de destaque que ele nunca deveria ter deixado de ocupar." (Em discurso na CNI, Confederação Nacional da Indústria) Vejamos por outro foco. É verdade que não temos geada, nem terremoto e nem cara feia, uma vez que somos considerados como um povo feliz, que pula Carnaval e joga futebol independente de crise ou qualquer revés. Mas, é fato que, como se vê hoje (ou não se vê!) não temos Senado, não temos Câmara dos Deputados, não temos (de jeito nenhum!) Poder Judiciário atuante, não temos exemplos que invadam a nossa mente de que a impunidade esteja com dias contados, não temos. Não temos vulcões, não temos avalanches, não temos transporte escolar decente para as crianças que habitam os sertões do nosso país, não temos nem mesmo escolas decentes para as crianças que habitam os mesmos sertões e que estudam em casebres improvisados sentadas ao chão; também não temos vagas suficientes para as crianças que moram nos centros urbanos. Não temos segurança pública, não temos fiscalização suficiente que possa garantir o cumprimento das leis que o próprio Estado cria.
"Se fosse fácil resolver o problema da fome, não teríamos fome. Deus pôs os pés aqui (no Brasil) e falou: 'Olha, aqui vai ter tudo. Agora, é só homens e mulheres terem juízo que as coisas vão dar certo'." (Falando na abertura da Expo Fome Zero, em 10 de fevereiro de 2004 Fonte: Site da Radiobras, 10/02/2004). Assim, não me resta alternativa: só posso concluir que os zilhões de aposentados que deram seus melhores anos de vida para o PIB brasileiro e hoje lutam nas filas dos postos de saúde não têm juízo. Que os milhares de cientistas, pesquisadores que se dedicam à pesquisa sem receber por isso o justo incentivo financeiro que os permita dedicação exclusiva e cabeça livre para só pensar na evolução da ciência, eles também são uns desajuizados. Um bando de cabeças-ocas também os professores que enfrentam salas de aulas lotadas, estrutura precária dos prédios, transporte público também precário para levá-los para casa depois de um cansativo dia de trabalho e ainda recebem um parco vencimento: completamente sem juízo. Assim também são os médicos, que não recebem do Estado um valor decente por cada consulta ou procedimento cirúrgico, os enfermeiros que precisam trabalhar sem descanso para complementar sua renda, os caminhoneiros que sofrem com estradas esburacadas, e várias outras classes de trabalhadores espalhadas por este Brasilzão de meu Deus!
"Em qualquer lugar do mundo que eu vou, eu tenho que levar flores ao túmulo do herói nacional. No Brasil não tem." (Falando em 19 de julho de 2004 no lançamento da campanha "O melhor do Brasil é o brasileiro". Fonte: Site da Radiobras). Na moral, Presidente? Nós somos heróis sim! Todos nós. Veja só o que temos que aguentar todos os dias?
"Quando se aposentarem, não fiquem em casa atrapalhando a família, procurem alguma coisa para fazer. Se ficar disputando espaço no sofá com o neto, sua vida vai ficar chata." (Na cerimônia do Estatuto do Idoso). Pra terminar: Senhor Presidente, quando for abrir a respeitável boca para falar com o cidadão brasileiro, ou com o mundo, pense direitinho! Ao menos um pouco, para que não fiquemos tão confusos! Por vezes, não conseguimos acompanhar seu raciocínio.