Cariocando (parte III) Copacabana

Acordamos anssiosos para mais um dia no Rio e como fizera sol, resolvemos ir à Copacabana.

Camila está grávida do meu quarto neto e acordou indisposta, estava até pensando em ir de taxi, mas D. Marlene (sua avó) disse que nos acompanharia nesta aventura de ônibus.

Ao chegar no ponto de ônibus eu vi que eram poucos os ônibus que paravam, eles vinham correndo e acho que o motorista nem via os passageiros acenar.

Passou o popular "frescão", mas não parou para nós, como o ponto era próximo ao semáforo, ele teve que parar no semáforo e D. Marlene correu até lá e pediu para que abrisse a porta e o motorista abriu.

Tivemos que correr para pegá-lo, meu namorado não está acostumado em ter que correr para pegar ônibus, porque ao contrário do meu país aqui é respeitado horário e se por ventura um ônibus ou metrô atrazar o passageiro pode pegar um taxi e mandar a conta para a companhia de ônibus ou metrô.

Ao pagar eu deixei todas as moedas cair umas cairam na rua, enquanto isso D. Marlene e meu namorado atravessaram a roleta e o eu pagando e conversando com o motorista. Eu disse a ele que teria que pagar com uma nota alta porque todas minhas moedas foram caindo escadas abaixo, ele prospôs voltar para que eu as recolhesse, mas eu disse a ele que não, porque era bem provável que alguém estava precisando de uma graninha e talvez minhas moedas poderia ajudar alguém. Ele concordou e seguimos o nosso percurso.

Olhei para o interior do ônibus e só havia uma passageira além de nós, eu não entendi por que o motorista não parou.

No ponto seguinte vi um senhor acenar e o motorista não parou e eu comentei: "Coitado daquele senhor, vai ter que esperar o próximo, o motorista não o viu acenar.". O motorista escutou me olhou pelo retrovisor e a partir daí parou em todos os pontos de ônibus.

A garota comentou: "O próximo ônibus para". Não me convenci deste disto, porque ainda acho falta de respeito com quem espera em vão e que vai pagar pelo uso do transporte.

Depois de um certo percurso passamos por uma favela, ela vista no alto do morro, tentei fotografar, mas até conseguir encontrar minha máquina fotográfica na bolsa e ligar já havia passado do local.

Não fiquei triste por não ter esta foto, lembrando de um garoto entrevistado em uma favela do Rio de Janeiro, onde o mesmo dizia se sentir como um objeto (ou patrimônio histórico da cidade) onde os turistas olhava para eles como se não fosse um ser humano.

Essa lembranca me puxou outra lembranca. Lembrei de uma vez em que eu estava dando aula próximo a uma favela em Ribeirão Preto e minha aluna, me perguntou se eu podia conversar com ela na hora do recreio. Dispensei a classe e fiquei com ela, ela me pedia ajuda porque seu pai, sua mãe e seus irmãos trabalhavam no tráfico, além de serem usuários de droga, ela já estava na hora de sair também para ser "aviãozinho" e não queria entrar nesta vida. Questionei a garota o que era ser "aviãozinho", ela riu irônicamente na minha cara e eu fiquei com "cara de idiota" porque eu realmente aos trinta e poucos anos não sabia o que era isso.

Fiquei numa mistura de raiva, porque eu pensava estar sendo usada por uma garota de sete anos com mais experiência de vida do que eu.

Neste momento, talvez, uma ajuda dos céus, me fez com que eu não me envolvesse emocionalmente. Eu sentia que não deveria perguntar muito e continuar "ingênua". Ouvi tudo o que a garota quis me dizer, senti sinceridade em seu propósito, mas procurei ajuda da direcão da escola, que me disse que eu ainda era inexperiente e que eu me acostumaria com isso.

Falei com meu ex marido e ele disse para eu não me envolver, tínhamos dois filhos a criar e não poderia correr o risco de morrer com meus filhos ainda jovens.

Eu desejava muito ajudar, mas eu sentia que eu era ingênua demais e ainda me ocorreu uma frase na época: "De boas intencões o inferno está cheio". (Escrevo mais tarde falando do resultado disto tudo).

A garota que estava no ônibus era amiga da minha nora e D. Marlene foi conversando com ela, ela nos acompanhou até a estacão de metrô, para pegarmos outro para Copacabana. Meu namorado silencioso só observava, meus comentários e situacão.

Chegamos em Copacabana e sentamos em um barzinho, D. Marlene precisava se alimentar porque ela está fazendo uma dieta para uma cirúrgia.

Estava calor e eu com um vestido de manga comprida. Trazia um biquini na bolsa. Eu coloquei ali mesmo no barzinho a parte cima do biquine, porque o calor era intenso.

Conversando com o garcon ele nos mostrou um toalete público e subterrâneo. Fui até lá e acabei de me trocar, fomos caminhar na praia. Desejava entrar na água, mas ela batia em meus pés e a sentia gelada. Eu estava no Rio de Janeiro e não ia entrar na água e lavar a minha alma de toda energia acumulada, me contentei em molhar só os pés.

Caminhamos, fotografamos e retornamos no barzinho onde deixamos D. Marlene, conversávamos e o celular dela tocou, era para mim.

Minha amiga Leila estava me ligando porque no dia seguinte nós iríamos para sua casa e ela desejaria saber quais frutas eu e meu namorado gostaríamos de comer.

Falei onde estávamos e ela sugeriu que fossemos na Pedra do Arpoador, falou de Vinicius e Tom Jobim, e que este era o local de inspiracão para eles.

Pegamos uma Van para o Arpoardor, o motorista da Van ao nos deixar me dissera: "Cuidado com máquinas fotográficas, lá tem muitos assaltantes.".

Meu namorado quis saber o que ele disse e eu só disse que ele recomendava cuidados. Eu acreditava na minha protecão espiritual e não estava com medo. E se é para ter medo pra que ir em lugares perigosos?

Está certo que Deus nos proteje sempre, mas é bom trancar as portas do carro e da casa.

Lembrei que Leila sugeriu também o forte de Copacabana, mas o dia já estava terminando quando saímos da Pedra do Arpoador e resolvi deixar para uma outra visita ao Rio.

Copacabana é linda, a calcada é maravilhosa, a pedra do Arpoador é fantástica, mas fantástico mesmo foi a presenca de D. Marlene. Ela é uma pessoa evoluída, centrada e estar ao lado de pessoas equilibradas nos faz bem.

D. Marlene lamentava o pouco tempo, porque ela desejaria nos levar a mais lugares, eu também lamentava porque na realidade eu queria ter tido tempo bom e tempo/tempo para curtir cada local, eu não desejaria conhecer tudo, mas conhecer profundamente cada pedacinho do da cidade maravilhosa que é o cartão de visita do meu país.

CArinhosamente

gisaonline
Enviado por gisaonline em 03/08/2009
Código do texto: T1733864
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