Um pensar sobre a escrita
Ao passar pela página de uma colega de Recanto, acessei um de seus textos endereçado a amigos e acabei refletindo sobre o desabafo que ela fez acerca de incômodos de uma determinada pessoa que se diz poetisa e a ofende. Imagino quantos aqui não passem por isso. Tem razão em desabafar, buscou conforto nos amigos, e fez bem... Afinal, os amigos tem valores especiais em nossos corações. E se somos seus amigos, não admitiremos qualquer tipo de desrespeito, ainda mais de alguém se dizendo “poetisa”... Aliás que tipo de “poeta” é alguém que se comporta assim?
Particularmente, as coisas representam o valor do tamanho que dedicamos a elas. Damos atenção ao que tem significado de alguma maneira em nossas vidas, e quando vejo que me equivoco em juízo de valor em determinadas ocasiões, procuro mudar o rumo dos meus olhares, redimensionar meus fazeres, repensar páginas da vida, e porque não dizer, redesenhar paisagens em minh’alma que me façam alçar a felicidade em mim, nos meus pensamentos, em meu íntimo?!
Também já tive que pedir a certo leitor que se abstivesse de me enviar piadas grosseiras e mensagens que confirmavam sua falta de ética e respeito por sua lista de amigos. Pedi que não me enviasse mais o bloqueei.Desagradável lidar com isso mas necessário, para que saibam que nossos email não estão disponíveis para o lixo e a falta de educação de pessoas assim. Ainda hoje recebi também e-mail de alguém que há tempos ignoro... Nem abri, deletei porque esta pessoa passou a não ter valor desde que descobri que a incomodava com meus textos.Tenho coisas mais relevantes pra dispensar meu tempo.
Por falar nisso, coincidentemente, ontem sonhei com uma cobra enorme, e como em sonho tudo é possível, uma gata devorava a cobra... Eu não me via no sonho, mas sabia que estava lá. Como sou um pouco supersticiosa e assumo isso, quando acordei contei o sonho a uma árvore, antes de falar com alguém, porque tive a sensação de traição...Coisas da cultura ...Socializei este sonho com uma amiga, ela associou a erotismo e brincou: “Pensando em quem antes de dormir hein, Moça?” Demos muitas gargalhadas... Mas, honestamente, até então não havia pensado nesta hipótese...
O que quero dizer com isso?Explico: Existem múltiplos olhares acerca dos fatos que acontecem, nem que sejam através de sonhos. Se eu não tivesse dado importância a isso, nos dias de hoje, não perderia meu tempo, pensando bobagens... Afinal, sonho enquanto dormimos, aparentemente, parece ser ilusão. Ainda bem! Já pensou se estivesse diante da cobra que estava na ilusão dos sonhos? Certamente, estaria morta... Mas, pensando no que minha amiga falou de associar a imagem da cobra ao erótico, não há como não rir ao imaginar uma “gata devorando uma cobra...”
Mas voltemos ao pensamento inicial... Penso que não há mal nenhum, falar de amor, cantar o amor, querer amor, doar amor, ser toda amor!Não sei o que seria de minha vida se não vestisse a roupagem do amor nos versos sem rimas que componho, nas prosas que escrevo, onde muitas vezes acabo despindo meus silêncios, meus pensamentos, fantasias, enfim, onde me permito deixar um pedacinho de mim, em cada produção, nos gêneros textuais que publico, mesmo quando não falo sobre mim.
Diante do exposto, ratifico que a liberdade de expressão deve ser respeitada. Cada pessoa que escreve tem seu estilo peculiar, e nem sempre o que é escrito pelo poeta, o define como a pessoa que ele é realmente em seu cotidiano. Penso que seja relativo... O que o poeta compõe pode ser parte do que ele está vendo ou vivendo, do que ele sente, pensa ou acredita não necessariamente de sua vida pessoal, pois existe muito sonho, muita fantasia na alma do poeta. Não se deve levar poeta muito a sério, já dizia Affonso Romano de Sant’Anna citando outro poeta, porque coração é um terreno cheio de mistérios, certezas, incertezas, sentimentos que variam, mudam de percursos... Não dá para querer governar o que se passa dentro de cada coração poético.
Por fim, penso que seria uma postura inteligente, conviver respeitando o espaço do outro. Para que buscar o que não gostamos?Para que ler, se não gosta do gênero, do estilo? Se alguém assim procede, deve ser porque espera encontrar alguma coisa, porque certamente, em seu âmago, deve sentir algum tipo de necessidade da leitura de quem busca.