A Primeira Noite
Os deuses sorriram na primeira noite. Embora não houvesse estrelas no céu, a lua majestosa, crescendo ou minguando, iluminava a noite com seu manto azul brilhante.
Sempre existe o temor de que as coisas podem não dar certo. Mas tudo correu bem. Até o que poderia atrapalhar acabou contribuindo para que a medida fosse exata.
Admiro a pontualidade inglesa. Mas desta vez preferimos não ser tão ingleses assim. O primeiro grupo que iria se apresentar nem mesmo iria nos avisar se não tivéssemos checado. Lamentei, pelo grupo. Irritei-me com o responsável pelo grupo. Faltou-lhe delicadeza com os organizadores do evento, mas principalmente faltou respeito para com os seus Seresteiros. Mas haverá outras oportunidades. Para os Seresteiros, não para o seu regente. Sim, eu estou falando da Primeira Noite da V Mostra Cultural de Lavras. O nosso evento anual que já começa a caminhar com as próprias pernas. Que começou quinze minutos atrasado.Para acabar na hora certa. E acabou. Acabou inclusive no momento em que o frio resolveu apertar.
A noite teve várias estrelas. É injusto dizer que uma ou outra merece destaque. Mas não posso deixar de citar dois: Paulo Neves, o pianista que acompanhou todas as apresentações da noite. E que vem nos acompanhando desde a Primeira Mostra. Brilhante. Alguns ventos não tão auspiciosos trazem através de sussurros a notícia de que pode ser a última vez que esteja conosco. Assim é a vida, uns vêm outros vão, mas é triste o aceno de adeus. Ana Cristina, regendo dois corais e preparando o quarto e último momento da noite. Trouxe convidados para esse momento. Entre eles o Fantástico Dilson e seu trompete mágico. Acompanhou os dois jovens cantores, Rebeca e Jonathan e arrasaram, principalmente ao apresentarem Eu sei que vou te amar. Ana Cristina fechou a noite e o mais importante, seu repertório erudito fez com que fosse aclamada de pé. E houve ainda a apresentação do Grupo Voci d’Amici, comandado pela minha amiga, regente e professora de canto, Norma Lúcia. São oito mulheres com vozes magníficas e um repertório eclético levando ao delírio a platéia que cantou com ela. Mas desta vez foram só seis. Só que pareciam ser as oito.
Foi assim a primeira noite de uma mostra cultural que prenuncia tudo de bom! Que os deuses da arte me façam renovar diariamente as energias para não esmorecer. Porque é bom, muito bom. Mas como cansa.