Não queria parar
Em poucos instantes, após conhecê-lo, percebi que era um ser autêntico, intenso, liberto da típica preocupação por agir assim.
Inspirava, expirava, exalava uma indeterminada liberdade.
Parei, pela primeira vez naquela noite. Deu um frio na barriga, um medo, uma vontade enlouquecedora de sair correndo para bem longe daquele local e, principalmente, daquela presença. Contradizendo a minha curiosidade, o desejo de chegar um pouco mais perto. Poder tocar.
Parecia nunca ter visto um espelho diante de mim. Talvez não tenha visto mesmo.
Naquele baile de máscaras, aquele garoto era um dos poucos que não hesitava em mostrar seu rosto. Ele não disse, mas eu sei que estava desafiando toda aquela superficialidade.
Em meio a todas essas descobertas o som rolava e nós cantávamos, pulávamos, suávamos, beijávamos...
Um beijo. Não na boca. No rosto. E tudo poderia começar com toda essa sutileza.
Ele olhava, apontava e sorria. Sem (ou com) explicação ele sorria, ria.
Parecia não querer parar.
E mais uma vez, por um breve instante, eu parei. Tudo parou.
Eu parada. O mundo girava e ele de uma forma surreal apenas olhava.
A festa acabou. Todos foram embora. E não parecia ser o fim.
Houve a ausência do tchau,do adeus. Era um sinal. Tenho certeza que era um sinal. Não houve adeus.