43 - O PAÍS DO FAZ DE CONTA...

O PAIS DO FAZ DE CONTA...

Desde que me entendo por gente e aí já se vão pelos menos umas cinco dezenas de anos, tenho escutado e vivido a expectativa de alcançar o país do futuro.

Enquanto adolescente sempre escutava meus pais dizerem que eles estavam vivendo momentos difíceis, como de resto, todo o país. Mas, tinham esperança que seus doze filhos certamente viveriam em um país melhor.

Acontece que nesta alegre esperança construímos nossas vidas, de certa forma, bem aquém dos nossos desejos, por mais simples que fossem, mas, dentro daquilo que a realidade nos permitia.

Crescemos enlevados pela retórica cantada em prosa e verso: “Este é um pais que vai para frente.”, “Setenta milhões em ação...” Vãs esperanças do jargão descompromissado, “estamos construindo o bolo e fazendo com que ele cresça para então reparti-lo com todos os brasileiros. Belo discurso Delfiniano e do guru Roberto Campos, durante o milagre brasileiro.

Já se dizia: “quem sobreviver verá”,

Quem sobreviveu ainda não viu!

O país não conseguiu inserir-se no grupo dos mais desenvolvidos. Continuou com suas mazelas e o pais dividido: ora em Bélgica ora em Índia...

Quebrado literalmente o ciclo militar, nossas esperanças voam de messias em messias e planos em planos.

Não se pode negar que alguns deram certos, mesmo porque se nada fosse feito, ninguém, nem mesmo a classe AA da pirâmide social iria sobreviver. E, como é obvio, para sustentar o topo da pirâmide é necessário existir uma base formada pelos trabalhadores.

Se não houver base... tudo que é sólido se desmancha no ar como nossos sonhos!

Desta forma chegamos à era Fernando Henrique e Lula. Como no tempo dos militares, um governo que não tenha um consistente programa de desenvolvimento, cuja ênfase seja Educação, Infra-estrutura e passando por saneamento básico, não levará muito longe as perspectiva dos brasileiros.

Os governos chegam ao poder com propostas de reformas que não duram e não vão além do primeiro ano...

Ao invés de reforma tributária e política, temos proliferação de programas sociais: distribuição de bolsa-família, de bolsa-escola, de seguro-desemprego que mascaram as pesquisas sobre o nosso rendimento 'per capita'.

Se somos elogiados quando as pesquisas mostram brasileiros saindo da chamada ‘linha da indigência’ (os que recebem valores mensais inferiores a um quarto do salário mínimo) e passando para a ‘linha da pobreza’ (os que recebem até meio salário mínimo mensal) tem–se a impressão que isto já nos basta.

Dentro deste contexto, da distribuição da riqueza gostaria de enfocar ainda: No país do faz-de-conta o governo faz-de-conta que tem uma política para resgatar o valor real para os reajustes dos benefícios dos aposentados. Por outro lado, não sai do discurso de palanque e tem praticado uma política ruim já num cenário de terra devastada que é política de reajuste dos benefícios previdenciários.

Se assim diz que se preocupa com o ganho real daqueles que recebem até um salário mínimo de beneficio concedendo reajuste em um percentual maior, por outro lado, os reajustes aos aposentados do executivo, legislativo e judiciário, (poderes gastadores e quase sempre inoperantes) são extraordinários aumentos ao pessoal da ativa repassando o mesmo aos aposentados destes setores, já que eles têm o reajuste como se estivessem em atividade!

São diversos programas de distribuição de riqueza (parece estranho falar em distribuição da riqueza, quando na verdade se trata de garantia mínima de sobrevivência). São tantos os programas de “ajuda” que nós sabemos absolutamente necessários (renda mínima vale gás, vale camisinha, bolsa escola, bolsa família)!

Na verdade, o que nós queremos é uma política que faça justiça com os que contribuíram durante toda sua vida produtiva com valores acima do teto previsto para aposentadoria. Já fomos garfados no momento da aposentadoria com o limite fixado pelo governo através da previdência, além, do tal fator previdenciário.

“O governo precisa entender que seria mais justo também se os aposentados e pensionistas que são importantes no contexto da manutenção familiar, criando filhos desempregados, sobrinhos e netos concedendo a todos nós o mesmo índice aplicado ao mínimo”.

O governo diz que concedendo aumento com ganho real está alavancando a economia injetando uns tantos milhões no mercado propiciando assim, melhoria no consumo de bens duráveis e alimentação. Porém, precisa entender também que faria melhor a sustentação da economia de mercado (produzir, consumir, produzir) se fizesse justiça e melhorasse a qualidade de vida de todos os aposentados.

fev.2009

http://www.recantodasletras.com.br/autores/claudionor

CLAUDIONOR PINHEIRO
Enviado por CLAUDIONOR PINHEIRO em 01/08/2009
Código do texto: T1731942