Será que a final do Campeonato foi mesmo uma partida inesquecível?

SERÁ QUE A FINAL DO CAMPEONATO FOI MESMO UMA PARTIDA INESQUECÍVEL?

(crônica publicada na "Revista do Avaí" nº 4, de abril/maio de 2009)

Antes de mais nada, deixe-se claro que o Campeonato Estadual de 2009 passou à categoria dos eventos que compõem a História. Como tal, não aceita mais mudanças, não admite revisões, não é passível de alterações. Permite, sim, interpretações, reavaliações e reflexões como todo fato histórico. Dele, podem, todos, extrair inúmeras lições. Até nós mesmos. Mas ninguém dispõe mais do poder de tirar o título do seu legítimo vencedor: o Avaí precisou ser a melhor equipe em 2008 e 2009 para sagrar-se campeão incontestável este ano.

O placar final do jogo foi uma circunstância que complicou muita gente: 6 a 1 em qualquer partida de futebol já é uma dificuldade considerável, agravada quando se trata de uma final de campeonato. Bem verdade que a cortesia avaiana dividiu a contagem em duas, em deferência à bravura da Chapecoense e às excelentes relações que vêm mantendo as duas torcidas, os azuis dos mares do Leste e os verdes dos campos do Oeste: 3 a 1 no tempo regulamentar, 3 a 0 na prorrogação em que nos era suficiente empatar.

Mas qual foi o problema, afinal?

É lógico que a conquista do campeonato é inesquecível: para os 15,5 mil torcedores que estiveram na Ressacada no terceiro dia de maio, para os torcedores que acompanharam o jogo do título pela televisão e para os torturados torcedores do outro lado das pontes que apostaram tudo contra o Leão da Ilha.

A dificuldade testemunhada já nas arquibancadas, ao apito final do árbitro, foi relembrar quem marcou cada gol, qual a sequencia dos tentos da conquista, o momento em que eles aconteceram e, insuperável, de quais pés nasceram as jogadas mortais que colocaram as bolas à feição dos artilheiros azurras: do Marquinhos, Caio, Leo, Lima, Evando, Ferdinando, William, Odair, Bruno ou do Marcus Winícius? O que ficou marcado na lembrança de todos foi o tiro de meta cobrado pelo Eduardo Martini da marca de pênalti, já com números definitivos no marcador. Cobrança exigida por todo o estádio, o goleiro avaiano foi aplaudidíssimo ao jogar nas nuvens uma penalidade máxima: torcida que aplaude pênalti perdido é torcida feliz.

Para que a partida também fosse inesquecível, seria preciso presentear cada torcedor, à saída da Ressacada, com um DVD do jogo. Para poder revê-la em casa com toda a calma.

O importante, porém, é que este título inaugura, seguramente, a conquista de um tri ou tetracampeonato do Avaí. Anotem isto.

(Amilcar Neves é avaiano, escritor e autor, entre outros, do livro "Movimentos Automáticos", novela)

Amilcar Neves
Enviado por Amilcar Neves em 31/07/2009
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