Um beijo para você
É comum vermos nas ruas casaizinhos jovens entrelaçados, sem pudor, em intermináveis beijos cinematográficos. Isso é tão bonito! Remete-nos aos bons tempos, onde o beijo era um fim, e não um meio - quando só um beijo bastava - não um beijinho qualquer, mas “o” beijo, um bom beijo, daqueles de tirar a mente e os pés do chão, tirar o ar, desidratar! Bons tempos estes... Que duram até a introdução (palavra apropriada) de um novo conceito em nossas ingênuas vidas:
Muito Prazer – o Sexo!
Mais um caso onde “a ignorância é uma benção”. Daí em diante tudo muda. E o beijo, nunca mais tem o mesmo sabor. Torna-se “apenas um beijo” - etapa interrompida de um ato incompleto, agora predileto!
Um provérbio oriental define o beijo como “o primeiro sopro dos ventos que estremece a flor e que, muito em breve, se torna insuficiente” – bonito, sutil – mas talvez você prefira uma metáfora mais divertida, como descreve o personagem Chandler da aclamada série de Friends:
“O beijo é o comediante que anima a platéia antes do grande show. Os homens assistem ao comediante, ansiando pelo espetáculo principal. Ao final, levantam-se satisfeitos, aplaudem e vão embora, enquanto as mulheres permanecem sentadas, torcendo pela volta do comediante”. Considerarmos “homens e mulheres” como metáfora para pessoas práticas e românticas, respectivamente e independente de sexo, a piada ganha mais valor.
E o que dizer do beijo por obrigação, formalidade? Aquele que se troca em chegas e partidas, sem emoção, sem saliva. Amigos trocam-se bitocas como antes se fazia com figurinhas ou papéis de carta. E assim, o beijo se torna “lugar comum”. Torna-se tão corriqueiro que, com o passar do tempo, acaba muitas vezes sendo sonegado ou mesmo esquecido entre os amantes de longa data, de toda a vida.
Será que o que ocorre é a desvalorização do beijo, ou seria sua supervalorização? Depende do ponto de vista:
1. Guardá-lo para a intimidade, para os momentos especiais pode ser uma forma de fazê-lo algo ainda mais precioso e especial – economizando!
2. Administrá-lo em pequenas porções periódicas, distribuídas aos montes, diariamente repetidas – pode ser outra forma de mostrar o seu valor: esbanjando!
As origens do beijo são incertas. O naturalista inglês Charles Darwin acreditava que o beijo era uma evolução das mordidas que os macacos davam em seus parceiros nos ritos pré-acasalamento (que afetuoso). Alguns dizem que o beijo surgiu das lambidas que os homens das cavernas davam na pele de seus companheiros em busca de sal (um tanto nojento), outros, do costume dos povos de regiões frias em soprar dentro das narinas e bocas de seus semelhantes para esquentá-los (ainda nojento, mas afetuoso). E a teoria mais difundida afirma que o beijo surgiu do gesto de carinho das mulheres das cavernas, ao mastigar o alimento e o colocar na boca de seus filhos pequenos, de amigos ou parentes doentes (nojento, mas nobre).
Na Idade Média o beijo na boca representava uma espécie de contrato entre o senhor feudal e o vassalo (do tipo “dou minha palavra” – e um carinho de brinde).
Resumidamente, pode-se dizer que o beijo surgiu de forma nojenta, para manifestar cuidado e afeição e, por sorte, evoluiu bastante desde então: O kama sutra descreve 30 diferentes tipos de beijos – e eu me pergunto: pra quê? Se o melhor dos beijos é aquele originado entre amantes – não requer técnica nem raciocínio, apenas bocas e sentimentos!
De que vale a informação de que, num beijo movimentam-se mais músculos que se julga ter no rosto e trocam-se mais saliva e bactérias do que se gostaria de saber? O importante é que ele queima calorias, acelera os corações – o anatômico e o metafórico – e estimula a liberação de hormônios que, simplificando, nos tornam mais felizes. Então: Que venham as bactérias: Aos montes!
No dia 13 de abril é comemorado o dia do beijo. Se para você passou em branco, tudo bem: Corra logo até a boca preferida mais próxima e comemore com juros, salivas e muito sentimento! Só não nos responsabilizamos pelos efeitos provocados.
E um beijo para você, leitor!