VEM LOGO QUE A MINHA CABEÇA GIRA...
Hoje eu não gostaria de dizer coisa com coisa, é como se eu sentisse necessidade de negar tudo, a minha visão é tão rasa, tão destituída de beleza, de repente é como se a vida não tivesse mistérios; nem a palavra me induz a nada, não a vejo polivalente, sem conotação, simplesmente. Não consigo me situar no tempo... se me volto, o que está passado e o puro nada e a mesma coisa. O Agora...? Também vai abismar-se no nada, será passado. O amanhã...? Quem me garante que ele existirá? E se existir logo será passado. Parece até que eu sou a única vivente de um mundo cujas personagens perderam-se no caminho. Se elas existiram, não consigo dar-lhes formas, situá-las no ontem, se é que esse ontem existiu, pois já não tenho certeza e nem posso exigir de minha memória fidelidade nenhuma, minhas lembranças estão confusas... Não. Não seriam reais as minhas personagens...
E agora? Sentimentos confessados. Contraditórios? Palavras, só palavras. Verdadeiras? Quem sabe... Olhe nos meus olhos, preste atenção aos meus gestos, as minhas ações. De qual eixo, de qual foco me observarás? Mas vem logo que a minha cabeça gira e este silêncio de portais me sufoca!