Enfrentando Preconceitos

Aproveitando mais uma noite ao lado da minha querida e estimulante amiga, a insônia, senti vontade de escrever. Nesses últimos dias escrever tornou-se artigo de luxo pra mim, porque o tempo tem sido bastante escasso. Quero escrever sobre a minha mais nova realidade. Nos últimos dias iniciei meu treinamento na Academia de Polícia Civil e como não poderia deixar de ser, é um dos assuntos que mais povoam minha mente nesse período.

Algo que tem me irritado bastante é ouvir com freqüência que polícia não é lugar de mulher. Ou ainda, que a mulher que escolhe essa profissão acaba se "tornando homem". Isso já era previsível, nunca esperei "facilidades" em relação a essa minha opção.

Se já é um desafio para a mulher moderna conciliar vários papéis com uma vida profissional, isso se torna ainda mais complicado quando essa escolha profissional traz uma bagagem recheada de preconceitos e paradigmas.

Infelizmente, a ignorância e o preconceito ainda predominam quando o assunto é polícia.

Algumas pessoas, a maioria talvez, acredita que a imagem do policial ainda é aquela do homem truculento, que utiliza a força bruta e não a inteligência. Esse tempo ficou pra trás. Quem conhece a Instituição de perto e acompanha sua evolução sabe disso.

Quem disse que um bom investigador não pode ser sensível? Não só pode como deve.

Num Estado em que a democracia tem tão pouco tempo de história, é normal que as cicatrizes de atos inescrupulosos ainda estejam sangrando. Mas insisto em dizer que estamos numa fase de transição, rumo a um novo conceito de segurança pública.

Estou consciente dos preconceitos que terei que enfrentar, mas sei também que isso não será nada diante do meu entusiasmo e boa vontade em relação a minha escolha. Felizes aqueles que amam o que fazem, porque estes sim são os melhores profissionais. Os exemplos de bons e maus profissionais estão aos montes, dentro de toda e qualquer profissão...