Só no for all

Era noite de São João. Não tinha o que fazer. Resolvi, então, passear em um desses muitos palhoções que realizam na cidade durante os festejos juninos.

Na multidão, notei uma garota safada de saia rodada, ou seria saia bordada, e calcinha preta. Uma gatinha manhosa que se tornou capa de revista. Fez magníficos ensaios. Em um deles, posou no capuz de fusca de um mala sem alça.

Era um namoro novo que os dois começavam. Gostavam de chamegar numa rede de balanço. Os vizinhos só ouviam gritos de: “balança mainha, balança”. Um encanto de menina, ou melhor, um desejo de menina.

O seu namorado vivia pedindo limão com mel, pequi com leite, enfim tudo que era garrafada, porém, o que mais funcionava para combater a cueca roxa era catuaba com amendoim e caviar com rapadura.

Esse era o sabor da paixão. Não um jogo de cartas marcadas, e sim um sentimento que fica marcado no coração como noda de caju.

Nesse dia mesmo, chegou um anjo azul perguntando naquele “arraiá" quem queria ser imortal. A resposta mais curiosa que deram a ele foi: “prefiro ser um dos filhinhos de papai com uma pegada quente. Ser um dos caras de carrão pra sair para um rala bucho, num forró safado encontrando as taradonas, essas mulheres perdidas; me afogando no doce mel de um colo de menina e consolar muita mulher chorona”.