Atraso. Charme ou desorganização?
Nos dias de hoje, o atraso passou a ser pano de fundo de muitas situações da sociedade moderna. Por mais absurdo que pareça, existem aqueles que acreditam serem elegantes por chegarem atrasados aos compromissos. E pior, muitos acham que atrasarem-se para eventos, festas, reuniões, ou até mesmo encontros informais, seja sinônimo de “pessoa muito ocupada”.
Pontualidade é mais do que uma regra de etiqueta, mas uma questão de educação e de respeito para com os outros.
Muitos agendam horários com médicos, cabeleireiros, e outros profissionais e sempre se atrasam. Não se dão conta que esses profissionais não são de sua exclusividade. E, mesmo que fossem não é de bom tom deixar uma pessoa “plantada” esperando a outra devido à falta de organização pessoal do tempo. Sem falar que o atraso de um indivíduo, muitas vezes, acaba comprometendo a agenda, a programação de todas as pessoas envolvidas. É uma reação em cadeia.
Acredito, que o único atraso perdoável é dos profissionais da medicina. Esses trabalham diretamente com o imprevisto. Entretanto, é elegante que um médico que necessite atender uma emergência dentro de sua agenda ambulatorial já marcada, comunique sua secretária sobre o atraso. Essa pode e deve ligar para os pacientes agendados, informando sobre o ocorrido. Mas devemos lembrar que qualquer pessoa está suscetível a uma emergência. Entra o bom senso de avisar sobre o ocorrido para pessoa que nos espera.
Se pontualidade não fosse tão importante, essa não seria o primeiro item avaliado em uma entrevista de emprego.
O atraso em uma corporação pode causar prejuízos financeiros catastróficos. Desde o prazo de entrega de um trabalho que não é cumprido, até aqueles minutinhos de atrasos diários dos funcionários, comprometem o bom andamento do sistema. Hoje são cinco minutos, amanhã dez e, no final do mês somam-se horas de produção perdida. Ainda que fosse prejudicial apenas para o atrasado, não seria tão grave. O problema é que há um comprometimento de todo um ciclo, todo um programa a ser elaborado já estabelecido contratualmente.
Segundo a jornalista Celia Ribeiro, colunista do Caderno Donna de Zero Hora e autora de livros sobre etiqueta e boas maneiras, existem dois tipos de atraso. Aquele movido pelo desleixo, pela falta de educação da pessoa para com o outro (que é imperdoável) e, o involuntário, que se dá pela rotina dos tempos modernos nas grandes cidades. O engarrafamento no trânsito é um exemplo. Mas, na era do telefone celular é praticamente inadmissível não ligar avisando sobre o atraso.
Também existe o atraso como vício de alguns. Aquelas pessoas que simplesmente não conseguem se organizar para atender seus compromissos.
Contudo, a falta de pontualidade é uma característica reveladora da personalidade de uma pessoa. Quando não bem contornado com uma ligação ou um aviso, torna-se uma demonstração pública de desorganização pessoal, e do desleixo para com os outros.
Hoje em dia, ouvimos algumas pessoas dizerem que “o tempo está passando cada vez mais rápido”. Pergunto, será que o tempo está passando mais rápido mesmo, ou estamos incorporando cada vez mais o atraso em nossas rotinas?