ARREPENDIMENTO MATA

ARREPENDIMENTO MATA

A única coisa que ele Lobato tinha e gostava de ter, era a lembrança da doce Constância, sua primeira e única mulher, que o deixará, por puro arrependimento.

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Lobato era apaixonado por Constância de tal forma, que toda vez que pensava nela suspirava. Tinha vertigens toda que a via. Quando pegava na mão de Constância não conseguia nem dormir, perdido em pensamentos noite afora.

Constância por sua vez também era muito apaixonada, mas não era por Lobato e sim por Romildo, um verdadeiro canalha. Constância era uma garota ingênua, dessas em demasia. Não tinha malícia nem para ensaiar um abraço em seu amado. Corava toda vez que pronunciavam o nome de Romildo.

Já Romildo era a malícia em pessoa. Bastava ver os tornozelos de uma dama que ia pra cima da presa com unhas e dentes como quem vai para guerra, não pensava duas vezes, chegava junto e na extrema maioria das vezes conseguia o que queria.

Uma coisa que Romildo não gostava era de perder.

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Lobato pouco a pouco foi vencendo a sua timidez. Decidira então conquistar a moça.

Nas primeiras semanas de tentativas ela se mantinha irredutível. Não gostava de Lobato. Desejava no fundo de sua alma que fosse Romildo quem tentasse lhe conquistar. Mas Romildo sequer olhava pra moça. Então gradativamente Constância foi se libertando daquela paixão que ostentava.

Um dia sem se despedir de ninguém Romildo some. Deixa aquela cidade e vai embora, deixando Constância visivelmente abalada. Uma semana depois do sumiço de Romildo ela decide se entregar as investidas de Lobato.

Não demorou muito tempo e casaram-se, em um ano, talvez nem isso. Começara ali uma vida de felicidade.

Lobato na sua paixão incomensurável, não media esforços pra fazer as vontades de sua amada Constância. E Constância adorava o jeito do marido. Viviam numa lua de mel infinitamente melosa. Chegava a causar náuseas nos espectadores daquele amor inabalável. Apenas uma coisa poderia abalar aquele relacionamento quase divino. E era Romildo.

Durante anos era o único medo que Lobato tinha. A volta de Romildo. E Tanto desdenhou que o pior aconteceu.

Percebera Lobato que naquele dia, Constância chegou com um brilho diferente nos olhos.

- O que aconteceu? Que felicidade é essa? – Era sim uma felicidade, mas era uma felicidade apática, medrosa.

- Não foi nada querido. O que você quer para o jantar? – Lobato sabia que sua tão doce Constância tinha o encontrado. Mas era muito submisso a ela para fazer a fatídica pergunta, e então calou-se.

Romildo quando chegou a cidade descobriu por meios de fofoca, que Constância havia se casado com Lobato. E Romildo que nunca prestara atenção na moça, foi acometido por uma paixão fulminante, inesperada, invejosa. Não deu outra. Conquistou a moça com meio sorriso.

Toda vez que se encontrava com Romildo, Constância se arrependia amargamente, mas era maior do que ela. Uma paixão que alimentara desde a juventude.

Constância conservara de sua juventude, aquela inocência doce, e era por essa inocência que ela pensava que Lobato não sabia do seu caso com Romildo.

Lobato tanto sabia que estava só esperando que ela contasse, para perdoá-la. Mas o arrependimento de Constância era tanto que ela não tinha coragem de contar.

Certo dia, após um dos encontros com Romildo, Constância muito arrependida decide contar tudo para Lobato. Quando chega à sua casa cheia de coragem, encontra Lobato com a mesa de jantar lindamente posta para dois, e a luz de velas. Mais rápido que entrou ela saiu. Numa fuga alucinante sem olha para canto nenhum Constância atravessa a rua, e é pega por um carro bem de frente. Arrependida de todas as suas traições Constância morre, sem pedir perdão para Lobato, seu único e verdadeiro amor.

Renann Calazans
Enviado por Renann Calazans em 29/07/2009
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