Esse tal de não sei
Sempre detestei esse tal de “não sei”. Coisa de quem não quer dizer, disfarçado num ar de mistério ou falta dele. Afinal, o que é não saber?
Muitas coisas estão escondidas por trás de um "não sei". Ele pode significa algo como:
—“não quero compartilhar com você esta idéia”
—“não quero compartilhar o que eu realmente penso ou sinto”
— “não confio o suficiente em você”
— “não me envolvo; não me importo”
— “você não está preparado para ouvir isso”
— “não posso dizer ou nem quero”
Usar um “não sei” é, na maioria das vezes, negar algo bem sabido. Como uma máscara para as palavras, um escudo para os próprios sentimentos, um refúgio bem próximo. Um “Não perturbe!” na porta invisível que nos separa do restante do mundo.
Esse “não sei” confere ao interlocutor uma espécie de poder “Nos meus pensamentos você não pode entrar” ou demonstra insegurança – como o aluno que, temendo a reposta errada, tasca logo – “não sei”.
Pode também representar uma gentileza, do namorado que prefere evitar a sinceridade diante de questões complexas: “Este vestido está bem? O que você acha desta cor de cabelo? Está gostoso?” Resposta: “não sei, não sei e não sei”
Uma mentirinha saudável ou apenas auto-proteção?
Nota: “tanto faz” e “você é quem sabe” nada mais são que variações do caso ou, em outras palavras, um “não sei” disfarçado.
A sinceridade (aliada a coragem de arcar com as consequências das frases - quem dirá dos atos) e algo hoje tão raro quanto miss sem cirurgia plástica – e a comparação é válida - todo mundo gostaria de ver, mas admira o efeito de um bom “embrulho”, pois sabe que a verdade “nua e crua” nem sempre é tão bela.
Pergunta: “Você esta feliz?” – Resposta: “Não sei”
Mas COMO alguém pode não saber se esta feliz? Também sempre me perguntei onde se come um “não sei”, que gosto ele tem, onde fica esse lugar e que “raios” de cor é essa?
Saiba, arrisque, erre, opine! Atitudes!
Não sei é o coringa do discurso mudo.