Texto_ Edson Gonçalves Ferreira
Fotos: Susana Custódio, Malubarni e Dulce Leal
Hoje, de manhã, saímos cedo para fazer um tour por Lisboa antiga e nova e, para iniciar o roteiro, a poetisa Dulce Leal nos apanhou, na casa da poetisa Susana Custódio e, então, a poetisa Malubarni e eu entramos Jipe Honda chiquérrimo. O Menino puxava as minhas pernas e elas não notavam. Perguntei-Lhe o porquê. Ele não respondeu, mas estava inquieto. Antes disso o Peter Pan e as tágides já tinham me prevenido: _ Você vai passear muito, voará mais que nós, mas surpresas aguardam você e suas amigas. E, então, partimos em direção a Torre de Belém de onde, séculos atrás, partiram as caravelas.
Assim que chegamos, começamos a contemplar as belezas do rio Tejo. Lembramo-nos de todos vocês e de Fernando Pessoa: "Navegar é preciso, viver não é preciso".
E, ao chegar, fomos visitar a Torre e, ali, tiramos fotos, muitas fotos que, depois, aparecerão,
porque a Susana Custódio é uma danadinha nesta arte. Assim que encontramos um cavaleiro medieval, a Dulce Leal foi coroada rainha e eu, cavaleiro da Ordem do Recanto Maior, contemplem a foto da nobreza real abaixo:
A sagração da rainha Dulce Leal e de Malu e do Sir Poeta Pardal
Depois, passeamos pelo local, desfrutamo-nos da beleza do Tejo e, ainda, fomos comprar lembrancinhas para eu levar para o Brasil. As meninas Malu, Susana e Dulce estavam cheias de calor. O sol estava escaldante e, então, fomos guardar as coisinhas miúdas -- não, não ponham maldade, gente!... -- e, ao chegar no carro, onde estavam as chaves. A
Dulce mexia na bolsa desesperada. De repente, fez-se a luz: ela esquecera as chaves dentro do carro e, aceitando a sugestão de um garoto que vigiava os carros, tentamos (pode?) arrombar a porta do carro. Vejam a triste cena. O Menino ria de mim e a Rainha de Copas gritava: _ Cortem a cabeça avoada da Dulce, cortem...
Edson e Malu tentando "arrombar" o carro da Dulce com um
rapaz e com ordem dela
Nada, nada, nada! Gritamos: _Mamãe, socorro! E a Dulce, coitada, perdeu quase perdeu a sua pose real. O Menino nos guardava, porém. Ela ligou pro seu bem, Fernando, para que ele trouxesse a cópia da chave e, alegremente, fomos tomar um fino (chopp para os brasileiros) e comemos delícias ao lado do Tejo e, em seguida, cantarolando, fomos para o Mosteiro dos Jerônimos que, abaixo, vocês contemplam. Durante todo o trajeto, o Menino estava montado nos meus ombros. Elas não O viam, mas Ele nos protegia.
Mosteiro dos Jerônimos em Portugal
Antes de entrar no Mosteiro, fomos comprar pastéis de Belém na Pastelaria fundada por volta do século 19, mais ou menos, 1838, parece. Ali, bem pertinho, num restaurante principesco, almoçamos. Eu comi "bacalhau assado na brasa|; Susana, "sardinhas" e a Dulce e Malu, "peixe espada ao molho verde". Não sei como comemos, porque o carro ficara lá, ao lado da Torre de Belém, com as chaves no painel. Malu rezada para Sâo Judas Tadeu, santos das causas impossíveis -- acredito -- enquanto comia, preocupada e a Dulce falava, falava no telemóvel, pedindo as chaves. E, então, entramos no Mosteiro e, ali, visitamos o túmulo do poeta Alexandre Herculano, vejam...
Dulce e Malu no túmulo de Alexandre Herculano e, ainda, com
o nosso saco de pastéis de Belém que sumiram... Mistério!
Aqui estão as meninas Dulce e, aos seus pés, saquinhos com pastéis de Belém e outras iguarias e, também, a Malubarni. A Dulce estava segurando os nossos preciosos pastéis e demais guloseimas para a noite. Depois de fotos e mais fotos, subimos para o Claustro. O Menino puxava as minhas calças e eu não ligava. O gato de Alice aparecia em cada arcada do Mosteiro, sorrindo irônico e, de repente, a Susana perguntou: _ Dulce, onde está o saquinho com os pastéis? Ela, tonta, parecendo a Branca de Neve depois de comer a maçã envenenada dada pela rainha má, respondeu: _ Não sei! E aí disparou para o túmulo de Alexandre Herculano e voltou sem nada. Ela, acreditamos, deixou foi uma simpatia para o poeta, para que ele a deixe sempre inspirada.
Conformados fomos ver o túmulo de Fernando Pessoa, meu poeta predileto. Fiz aquela pose caprichada que vocês podem contemplar abaixo. Afinal, Fernando Pessoa é meu poeta preferido, embora goste muito de Camões cujo túmulo vimos também, soberbo. Visitar o Mosteiro dos Jerônimos foi uma glória e, em certa hora, a Malu queria até cobrar ingresso, porque eu cantava cantos gregorianos e, assim, os turistas pararam para me escutar, tem base, gente?
A poetisa Susana Custódio e este poeta ao lado do túmulo de Fernando Pessoa
Acabada a visita ao Mosteiro dos Jerônimos, voltamos, novamente, cantarolando, mas com a sensação de que a Dulce deixou nossos pastéis para os santos. _ Será que a Dulce é macumbeira? Não, não é, foi o que o Menino me disse. A Rainha de Copas queria cortar a cabeça delas. O Peter Pan disse que ela voa mais que a Fada Sininho, mas não acredito, porque ela foi a nossa motorista durante todo o dia de hoje. E, ao sair, lá fomos comprar tudinho de novo, afinal, queríamos comer pastéis de Belém. Compramos e voltamos para a Torre de Belém para esperar as chaves do carro trazidas pelo Luiz e Alice, amigos da Dulce. Vejam a nossa foto na Pastelaria dos Pastéis de Belém e fiquem com água na boca, ouviram?
Malubarni e Dulce e este poeta nos Pastés de Belém
Depois, ao voltar, passamos pelos teleféricos do rio Tejo e, ao chegar, tomamos umas bebidinhas e eu, como estava com o Menino, tomei só água mineral e, então, recebemos as chaves do carro que, felizmente, ligou, porque a rainha Dulce o esquecera também ligado!... Se o Menino não estivesse conosco... E partimos para a Estação do Oriente, visitando a Nova Lisboa -- um show!... -- e, depois de comprar nossos bilhetes para voltar para a casa da Malu, no Porto, através do comboio (trem) Alfa Pendular, voltamos para a casa felizes da vida. Como podem ver não perdemos, em momento algum, a pose, afinal somos nobres pelo menos de espírito. Se vocês não acham, Deus acha, está bom?
A belíssima Estação do Oriente na Nova Lisboa
Lisboa, 28.07.09