Uma aldeia, um violão
Donzela intocável, musa eterna
Navega a lua cheia pelo céu noturno
Bela canção no interior de uma taberna
Toca-a um jovem com seu violão oportuno
Não faz muito que as luzes se acenderam
Naquela bucólica aldeia das Minas Gerais
Na taberna na verdade nem todos beberam
Mas cantaram e comeram como meros animais
Trabalhadores cansados ao fim de longo dia
Andarilhos ou viajantes comuns deliravam
Sorriam ou choravam ouvindo a doce melodia
Seduzidos pelas belas mulheres, sonhavam
Do lado de fora, gente comum em cada porta
Passando o tempo ou jogando conversas fora
Tal qual uma praça, se via ao fundo bela horta
Canteiros de alface, violetas, parecia uma flora
Mas chegou a madrugada com ventos tão frios
Que até a lua se escondeu por trás do monte
Somente se ouviam as águas mansas dos rios
Nem mais se avistavam as luzes do horizonte