O céu que me consome

Oh o céu que me consome...

As nuvens de agora são as mesmas de ontem;

Todavia estão mais belas.

Sob o sol, a figura do meu ser divaga sorrateiramente.

Hoje sinto-me cavaleiro dos dias, do tempo.

O mesclar das paisagens produz o absoluto em mim -

E isso é o que sou.

Porque mais do que somos é onde só somos nós mesmos.

Em instantes, vejo a tristeza, como criança, correr perto de mim.

Brinco com ela. Chamo-a. Às vezes até a invento.

Se lhe houvesse outro nome, a chamaria de gêmea.

Percorre todo o silêncio aos poucos, bem devagar.

Olha-me.

E, sem tristeza, me diz que ela não é o que pensam.

Concebo-a então diversa.

Ela me diz não ser outra; mas argumento.

Pudera ela fazer-me bem?

Havia ali uma semente gigantesca da misericórdia da felicidade.

Entendi.

Deram-me o oposto, e disseram:

“Entende o outro lado: daí será você”.