Cronismo atemporal
Sempre quando penso na palavra crônica me vem a cabeça "cronos", "cronológico", palavras relativas a tempo então eu me questiono: são as crônicas atemporais? Os "oliveiras", os "amigos meus", a "patroa", personagens tão citados nas crônicas sobreviverão ao futuro? Será que as situações cotidianas (reescritas diariamente por um cronista diferente) vão ser as mesmas, mantendo a validade do meu livro amarelado e empoeirado que contava histórias da época do bonde? Eu realmente desejo que sim.
Desejo profundamente continuar a ler crônicas sobre políticos fanfarrões, crianças atrevidas, alianças perdidas, marido e mulher, joãozinho na escola, jantares em família, amigos inventados fazendo coisas extraordinárias. Isso me faria um certo bem, um alívio de consciência mesmo que assinando meu atestado de retrógrado, ou melhor, cronista júnior de vanguarda. Queria ter visto chacrinha, queria não ser da geração saúde,queria ter escrito isso em um datilógrafo, queria ter ido ao circo (e gostado), queria muitas coisas que se acabaram no instante em que eu nasci principalmente um boneco do Topogígio.
Agora estou eu sentado em frente a um computador e fora da janela o tempo passa, ainda é cedo.