Requinte !
A vida cobra valores, mansões, dinheiro, status.
Como se fossemos palhaços, ou melhor, marionetes.
Devemos usar os mesmos trajes, perfumes,
Comer os mesmos pratos,
De peixes crus à escargot, mexilhões, vôngole.
Até frango xadrez, bichinhos cheios de hormônios
Sacrificados aos 45 dias de vida.
É vitelo (feto machos de vaca leiteira), é bucho, rim e tripas.
Modismo total e irrestrito
Do rabo ao coração, das tripas ao intestino, tudo bem preparado.
O restaurante é um luxo, estilo Europeu.
Eu comi em Porto Madeiro, lá em Buenos Aires.
Não é Boi nos Ares
Mas acho que assim denominaram a cidade
Porque do boi aproveitam tudo
Até os testículos
Tudo é Europeu,o velho mundo.
E nós pagamos fortunas por tudo isto.
Aqui no Brasil, lugar de feijoada, com restos de suínos, patas, orelhas, rabo.
O que comemos faz meu estômago revirar e a sociedade me cobra o paladar refinado
A finesse, o bom gosto.
O caviar, o champagne francês, a tequila que arde na garganta.
Eu não quero fazer parte deste mundo, o mundo da fantasia.
Dos esnobes, que dão a vida por um flash.
É tanta hipocrisia, futilidade que me revolto em pensar.
Que para ser considerada fina, terei que comer porcaria.
E me deixar fotografar em todos os lugares
Como estrela de cinema, ou um bicho raro.
Sou gente de verdade, gosto do que é bom,
Não gosto dos rinhones, nem de estomago ou intestino.
Só se for o meu que cuido com muito carinho
E comer feto, isto é um horror,
Não sou canibal, isto não como não!
Sou animal racional
Como todos da minha espécie
Ou viraram irracionais?
Tanta futulidade , num mundo de vaidades
Todos mudam estilo, valores, paladares
Música, teatro, cinema
Um dia, um mês, um ano
Mas um dia qualquer,
No palco uma música do momento
Aquela que todo mundo é cachorro
E adeus mundo da magia!
“Pare o mundo que quero descer”!