Espanha, religião e futebol
Espanha, futebol e religião
- Como pode, no meio da crise econômica, alguém ter dinheiro? E o dinheiro foi cair onde? No Real Madrid, para contratar o Kaká. Acima de financeiro, acima dos benefícios da mudança, vamos poder abrir uma igreja lá. Há vidas que precisam ouvir este testemunho.
Mas é bom deixar claro a ditosa evangélica que, na lista das pessoas que não têm dinheiro não estão incluídos nem o milionário time citado tampouco o camisa 8 da seleção de Dunga, muito menos o casal de ladrões que está preso nos Estados Unidos após ser pego escondendo o suado dízimo dos fiéis para aumentar suas cifras já bastante rechonchudas.
A Constituição espanhola vigente define o país como um estado sem confissão: Nenhuma confissão terá caráter estatal. Porém, é garantida a liberdade religiosa e de culto dos indivíduos, e é assegurada uma relação de cooperação entre os poderes públicos e todas as confissões religiosas. O catolicismo é a religião predominante no país. A igreja católica é a única mencionada expressamente na Constituição, no mesmo artigo: ... e manterão as conseguintes religiões de cooperação com a igreja católica e as demais confissões.
E mais: 77,3% dos espanhóis se consideravam católicos, segundo um estudo do Centro de investigações sociológicas realizado em 2007. Seguindo os católicos, o ateísmo e o agnosticismo são 18,9%, e outras religiões minoritárias, 1,7%. Não obstante, a porcentagem de praticantes é muito menor.
Segundo o mesmo estudo, somente 18,5% vão à missa de forma regular; 2,3 vão à missa várias vezes na semana, e 16,2% nos domingos e dias festivos. Esse grupo cumpre as disposições da própria igreja católica sobre fluência. Também existem 11,3% que vão alguma vez ao mês, o que indica o declive da religiosidade da população.
O Real Madrid, segundo o jornal espanhol Sport, é o segundo em torcedores naquele país, com cerca de 41 milhões de seguidores. Nada mais favorável para que o pop-star dos gramados use o seu poder de sedução e faça com que sua igreja em breve converta grande parte desses torcedores, em almas para Jesus e riqueza para suas obras de concreto. Somado a isto vem a fala do papa Bento 16, colocando o dedo na ferida:
- A fé se debilita até extinguir-se em alguns países. Precisamente naqueles que foram ricos de fé e vocações.
E, embora ele não tenha citado, a Espanha é um deles. Mas se a fé católica perde terreno, outras o conquistam. A professora de antropologia da Universidade de Sevilha Manuela Cantón Delgado resume a questão:
- Extingue-se a fé dos católicos, mas não a de seus primos-irmãos, os protestantes. Esta cresce de maneira incontida.
Eis que um sinal de alerta bastante preocupante começa a fustigar o raciocínio de alguns teóricos do social, a mistura fanática de futebol e religião No território espanhol, onde existem 1,7 milhão de crianças em situação de risco, a taxa de pobreza infantil mais alta da Europa. Segundo o relatório da Inclusão social na Espanha, elaborado pela obra social Caixa Catalunya, uma entre quatro crianças na Espanha é pobre e, no caso das crianças imigrantes, a metade vive na pobreza.
O estudo confirma que 20% da população na Espanha vive em situação de pobreza moderada. Usando mais uma vez as palavras da nova pastora, de que “a contratação de Kaká nesta crise foi um milagre”, reforçamos então que esse mesmo milagre seja repetido no seio daquela parte da população tão pobre que, agora, contrai uma dívida de 10% do que ganha. Porém, o cuidado ali com os terroristas, que se explodem em troca de virgens no céu, deve dobrar, pois uma das bandeiras defendidas por Carol é a virgindade até a noite de núpcias.