Carência: esta subestimada.
As pessoas se sentem unidas por diversos tipos de sentimentos. Afetos espontâneos, amizades surgidas do nada, (por afinidades ou de coleguismo), amor, paixão e outros que não me ocorrem agora. Há quem diga até que certos ódios, na verdade, é uma espécie de amor invertido. Frustrado por algum acidente de trajeto não solucionado ou mal direcionado lá por dentro. O fato é que todos nós nutrimos ao mesmo tempo sentimentos diversos por pessoas diferentes. O nosso reservatório cabe muito dessa modalidade de emoção, no entanto existe uma “coisa” chamada carência afetiva que, muitas das vezes, está por trás desses sentimentos tão clássicos, mascarando-se deles e distorcendo as aparências tanto para quem o tem como para a quem é dedicado. E carência afetiva, diga-se de passagem, não é um sentimento “dedicado” a alguém, pelo contrário. É um sentimento que se reivindica de alguém! Para realizar essa “operação” com êxito o carente normalmente se faz parecer dedicado. Ele cria vínculos apelando para a sensibilidade do “doador”. Evidentemente essas pessoas tidas como “normais” também têm as suas carências e quando essas são detectadas pelo carente de carteirinha é um Deus nos acuda. No início a amizade é boa, mas a seguir a balança começa a pender mais para um dos lados e o relacionamento vai ficando capenga a ponto de o carente virar um peso na vida da outra pessoa. Esses graus de carência freqüentemente tomam o lugar dos sentimentos verdadeiros sem serem percebidos como tal, hora misturando-se com os verdadeiros, hora atuando sozinhos, num processo intermitente e que deixa a parceria escolhida na dúvida sobre os seus próprios sentimentos. Tenho a impressão de que sentimento (carência) é pouco distinguido nos meios de quem, de forma geral, valoriza mais um pouco as emoções e seus desdobramentos, entretanto ele é causa de muita confusão tanto mais se disfarce nos labirintos da vida sentimental das pessoas.