UM BILHETE AOS PEDAÇOS
Fábio sentia a mesma solidão daquela mulher. A única que amou em toda sua vida. Um amor em silêncio. Permanecer ao seu redor, apenas como um velho amigo de infância, parecia tortura. Sem relutar, concordou em almoçar com ela.
E quem era Cristina? Uma mulher tola que compensava o vazio amoroso do seu casamento com cirurgias plásticas?
Naquela tarde, estranhou o olhar dela. Na hora do café, Cristina abriu a bolsa, pegou um punhado de pedacinhos de papel, colocou-os sobre a mesa:
- Ele vai novamente ao Caribe com a secretária.
- Pelo amor de Deus! Acorda, Cristina! Você não precisa passar por isso! O que pretende fazer desta vez? Outra plástica? Spa na Suíça?
- Arrumei as malas. Estou num hotel. E escrevi este bilhete.
- Um bilhete aos pedaços?
- Ficou parecido comigo.
(*) Imagem: Google
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