O TOM DA ARTE-SOBRE A FORÇA DA POESIA...

Num desses meus dias de férias, tive a oportunidade de folhear um catálogo duma filmoteca.

A lista constava duma seleção enorme de filmes consagrados, muitos dos quais eu ainda não havia tido a oportunidade de assistí-los, embora já antigos.

Como não havia comentários a respeito das obras, eu os escolhia pelos títulos.

E num deles a escolha foi perfeita. " O carteiro e o poeta".

Achei que fosse assistr a algo pueril.Enganei-me profundamente.

Pensei:"duas entidades que se combinam ...as cartas e a poesia".

Mas não errei nessa dedução.

Um filme perfeito.

Delicado, de enredo informativo, poético, filosófico, sociológico, que explora minunciosamente a psicologia dos personagens, enfim uma obra completa, que agrega artisticamente as ciências humanas, de belíssima fotografia, na inserção do maravilhoso cenário do mediterraneo.Uma obra ímpar, imperdível.

Depois de assistí-lo, decidi que aqui lhes faria um texto, com a finalidade de não apenas comentá-lo , mas a de indicá-lo, talvez pela maior mensagem subliminar que o filme me deixou : sobre o poder da escrita, e em particular o poder da poesia, o da sua capacidade de transformar o homem e o seu meio.

A maioria da pessoas que não têm contato com a literatura e com a poesia, tem a artes poética como algo chato, meio piegas, sem propósito.

Com certeza esse filme, datado de mil novecentos e noventa e quatro, quebra esse falso paradigma.

Basta assití-lo com os olhos da sensibilidade...e verão que os artistas nascem prontos.A vida apenas lhes dá o tom da arte.

Cada diálogo, cada palavra, cada situação de vida muito bem colocada num contexto de se exaltar princípios básicos sociais e humanitários como o o amor, a paixão, a amizade, a humildade, a espiritualidade, a vontade, a luta pela vida, a lealdade,a família, as relações políticas;e o poder da sensibilidade, do pensamento e das letras QUE SE COLOCAM A SERVIÇO das transformações sociais na impecável função de se assegurar a dignidade humana.

Lá se aprende (E SE COMPREENDE!) nitidamente o objetivo das históricas censuras sobre as letras.

Aos amigos do recanto que ainda não tiveram a oportunidade de ver o filme, deixo-lhes o meu recado.

Espero que gostem.

E aqui termino com um meu pensamento, fruto da mais fina sensibilidade que o filme me instigou:

A poesia jamais se presta às palavras "a toa".

Cada letra sempre cumpre a sua função...ainda que pelo tempo.

(MAVI)