Deslumbramento
Diante do corpo desnudo pára e fica num deslumbramento; toca seu corpo com a polpa dos dedos, com a leveza de uma pluma levada pelo vento; seus olhos se fixavam na pele macia, sem um acidente, por menor que fosse; seus olhos registravam a imagem, qual uma mini-minolta, máquina que seria importante para registrar certas imagens, como a que descrevo; sua pele aveludada, com discretas penugens douradas; sem uma palavra, sem um esgar, somente a polpa dos dedos, não os 10, mas os 8 principais, tocando aquela pele, numa sensação de deslumbramento. Aos poucos, sentiu o perfume daquela pele; não um perfume com as características dos perfumes franceses dos mais caros; caro não significando aqui um valor, um preço, mas um perfume muito amado; sua pele tinha um perfume especial que não saberia definir, mas era alguma coisa que o obrigava a tocar com os lábios, com a mesma leveza com que tocava com os dedos; os lábios como que sopravam num toque irreal e o corpo num tremor delicado, até que a imagem foi-se dissipando, ficando apenas o registro de um momento, que não poderia ser banalizado.