Segredos da culinária

Sempre pensei que ela fosse exímia cozinheira. Certa vez, quando elogiei seus pratos, ela me confessou que na prática não sabia fazer quase nada. Sua única especialidade era a maionese. E assim mesmo, houve um dia que aconteceu um desastre.

“Foi uma coisa terrível, ela contou. Fumando, comecei a picar as batatas. Misturei os ingredientes, sempre fumando. Você sabe que eu fumo mesmo, né? Bati os ovos com o cigarro na mão. Quando estava por terminar, não consegui alcançar o cinzeiro e a cinza caiu dentro do prato. Tentei tirá-la, mas não deu certo. Quanto mais eu tentava, mais ela afundava. Não houve jeito. Por fim, achei melhor mexer bem e fazer de conta que não tinha acontecido nada. Mas fiquei apavorada, e se tivesse alterado o gosto?... Nem tive coragem de experimentar.

Na hora do almoço, gelei quando vi a cara do meu marido após a primeira garfada. Ele é muito exigente e vive implicando com tudo. Fiquei só olhado com o rabo dos olhos. Na segunda garfada ele demorou com a maionese na boca. Depois engoliu e perguntou solenemente: QUEM fez essa maionese?

Fingi que não ouvi e fiquei pensando, será que ele desconfiou? E não é que esse homem continuava a comer pouquinho por pouquinho e a cada garfada olhava para todos? Até que alguém se impacientou e quis saber o motivo de tanta enrolação. Afinal, o que é que há, papai? Nada, não, é que a maionese está tão boa... NUNCA se fez uma igual nesta casa!

Pois é, minha filha. Agora, quando dou a receita da minha maionese, acrescento sempre uma pitadinha de Malboro. É aí que está o tchan, não se esqueça! “