Desconfiável mundo novo
Desconfiável mundo novo
É engraçado notar uma certa “comercialização” exacerbada, além de pretensiosa, no que se refere ao panorama farmacêutico atual. Mal caímos na agonia de ter medo da mesma gripe de sempre, só que com nome diferente, que as propagandas bem-humoradas, repletas de mensagens indiretas, já estão instaladas em todos os cantos e janelas da mídia.
À princípio, como se por conclusão detetivesca de alguém, chegou-se a um fator comum entre várias mortes, tendo sobrado o crédito pela descoberta ao seu digno merecedor, o qual não fez alarde, porém, como quem conta um ponto aumenta uma bília, lá estavam as notícias da epidemia. Estava descoberto então o que todos já conheciam, por sinal, sob o mesmo nome de “gripe”, apavorando, como sempre, sob o nome de uma sigla desconhecida ao vocabulário médico padrão da população. Como se já não bastasse, correm as empresas publicitárias a satirizar interioranos, pejorativamente, divulgando novas curas para os males que, obviamente, já se sabe ser o alvo das atenções de todos ligados nos jornais. Muito engenhoso...
Lei de oferta e procura! A preocupação com o bem estar geral é algo fascinante... Ironicamente, vejo os avisos em letras brancas, sob fundo azul – tais avisos, por sinal, duram menos tempo em tela que o suficiente para lê-los – , mostrando o cuidado do fabricante em deixar bem claro, para todos os telespectadores, a necessidade de consultar médico antes de adquirir o produto, mas não sem antes bombardear a todos com bordões pegajosos de algum tipo de “melhorôgripil” ou coisa parecida, ressaltando um subliminar “epidemia”.
Fica cada vez mais difícil saber em quem confiar para se sentir seguro, mas me sinto confortável em saber que pelo menos em caso de drogas mais leves, do tipo que nem precisamos ter receita para comprar, como por exemplo cigarros e aquela coisa preta que se bebe gelada - acho que é do papai noel ou urso polar... Não lembro mais o nome... -, são coisas que sempre têm o efeito esperado: consumidor satisfeito! Com a certeza do prejuízo! Pena que nada motiva mais o mundo que a dúvida...