O amor do toque
Em tudo que se toca, há amor. Não entendam meu tocar em sentido estrito, pois até ao se fitar outros olhos, há toque. Em tudo que se olha, há amor; mas não o olhar fúnebre dos que fingem-se sem alma; falo daquele olhar, da calma... Se não houvesse amor, ah, se não pudesse... Sinto meu corpo carregado somente disso, ainda que o peso da pálpebra carregue-me os olhos, aos poucos. Preencho-me porque, ainda que fisicamente mal, carrego amor em todas as linhas (não as do papel, mas a de minha alma). Como quem brinca com a fortuna, algo se coaduna; algo se carrega para dentro. Falaria, ontem, desse algo como vago; todavia, agora, meu espírito é jovem: falo de amor.