Marcha Fúnebre
Não agüento mais ir à praia e ver a orla tomada por pessoas vestidas de branco e munidas de cartazes desfilando suas almas penosas. “Justiça! Justiça! Justiça!”. Ok, também concordo que deve haver. Trago na pele, inclusive, tinta que se alia a isso. Mas, convenhamos, que transitar com os "olhos embargados de cimento e lágrima" não é -- e nunca será --- a melhor forma de extirpar a violência.
Como dizia meu antigo professor de Geografia, segundo ele, parafraseando Jack, o Estripador: vamos por partes. Por que, em nome de Deus, as autoridades de segurança trabalhariam com mais afinco após uma manifestação contra a morte de uma criança? Essas pessoas que os passeantes julgam como corruptívies não chorariam nem se fosse com os filhos delas - já que são julgadas como um bando de sem-coração --, então, não há razão aparente para apelar pro emocional das mesmas.
Em 7 de fevereiro de 2007, morreU o menino João Hélio, vítima da barbárie à qual já fomos apresentados. Nesses dois anos e meio, o número de mortes por bala perdida, latrocínio etc diminuiu drasticamente ou, pelo menos, reduziu? Uma coisa é a classe trabalhadora entrar em greve como protesto por aumento salarial. E, no fim, quase sempre consegue o objetivo da ação, afinal, quando mexe com dinheiro, fodeu. Aí, o buraco é bem mais embaixo. Mas quando fazem passeata para reivindicar justiça sobre uma vida que se foi, o peso do apelo é nulo. Corriqueiro adágio é pensar que a união faz a força. No caso exposto, apenas gera ilusão. Uma frase batida, mas que conclui-se desoladamente, é a que o dinheiro tá valendo, literalmente, mais que a vida.
As manifestações são muito úteis para embolar o trânsito na cidade.