GRÜNEWALDS TWO
GRÜNEWALDS TWO
Infância nem sempre foi uma coisa gostosa, sabia? Li certa vez que, na Idade Média, quando as crianças completavam sete anos de idade, independentemente das suas condições sociais, elas eram colocadas em famílias estranhas para aprenderem os serviços domésticos, que, aliás, não eram considerados degradantes. Já imaginou que inferno!?
Com o decorrer do tempo, os pais passaram a paparicar as crianças, pois as viam como fontes de distração e de relaxamento, mas no século XVII, os eclesiásticos, os homens da lei e os moralistas passaram a vê-las como frágeis criaturas de Deus e começaram a defender que elas precisavam de ser preservadas e disciplinadas. Acho que foi aí que nasceram os petelecos, os tabefes, os beliscões, as varinhas de goiaba nas pernas e os puxões de cabelos.
Relato tudo isso, depois que andei lendo umas coisitas sobre Joseph Jackson, isso mesmo, o pai de Michael. Aliás, a primeira coisa que soube sobre esses Sr. me informava que ele abusava do filho. Abusava? Juro que fiquei achando que ele botava o menino para fazer sacanagem com ele.
Só recentemente descobri que os “abusos” eram malvadezas. O peste batia freqüentemente em Rebbie, Jackie, Tito, Jermaine, LaToya, Marlon e Michael, e, se bestar, deve ter enchido os mais novos, Randy e Janet de “bolachas” também.
Quase todos nós assistimos, por ocasião dos preparativos do “showneral”, à entrevista em que Michael, melancolicamente, nos informou que em sua infância ele chorava ao levar varadas com fios de ferro nas pernas (durante os ensaios dos JACKSONS FIVE), que o velho implicava com seu nariz avantajado e que muitas vezes ele vomitava só de ver seu pai.
Essas reportagens me fazem lembrar que entre mim, meus irmãos e meus filhos ninguém tem mais o coro com que nasceu. Papai nos disciplinava com um olhar ou um assovio, mas mamãe era com qualquer coisa que estivesse na reta: chinelo, cinto, fio, ripa... Eu fui mais “meiga”: usei um cinto vermelho para disciplinar os meus rebentos.
Interessante é que lá em casa ninguém ficou traumatizado, nem revoltado, nem quer vomitar, nem fica chorando pelos cantos. Tá certo que desde que a imprensa começou a mostrar a vida de Michael meus filhos estão me chamando de Norma “Jackson”.
Brincando, eu adapto e lhes repito a declaração que o cara de pau do patriarca dos Jacksons fez em entrevista a Larry King, no canal CNN: “Eu nunca abusei de meus filhos". "Vocês sabem o que é bater? Bater é como eles batiam nos escravos antigamente, torturas...".
Quer saber de uma coisa? Acho que o velho Joseph é um grande FDP, mas deveria ter ensinado a minha mãe a dar mais porradas na gente. Quem sabe hoje eu não seria, de fato, irmã de uma estrela ou a própria? Seríamos os NUNES SIX!
Caso fosse eu a mais prendada, com certeza eu não iria chorar de solidão pelos cantos, não iria querer dormir numa câmara de bronzeamento para ficar preta, nem mexer no meu bocão para virar boquinha, nem ingerir analgésicos e soníferos, e, muito menos, mandar alguém ter filhos por mim... Sonseira! Afinal, você acha que eu deixaria alguém gerar meus sucessores, os GRÜNEWALDS TWO?
Hum... Acho que já encontrei a fórmula da minha aposentadoria!!