Fruta Madura

Enquanto o brasileiro Gabriel Buchman continua desaparecido em uma montanha do Malauí e um eclipse solar fascina a Ásia, decidi escrever essa crônica sobre dois assuntos: a tragédia e as maravilhas da natureza.

Muitas vezes as tragédias e as maravilhas da Terra explodem lado a lado, outras vezes, percorrem rios separados, mas as duas possuem esse poder de causar um "estranhamento" nas pessoas; e uma "pessoa estranhada" presta mais atenção nas coisas. Percebe que há algo além desse vai-e-vem da ilusão de cada dia; e em meio a tristeza da tragédia ou ao "uau" de um eclipse, ela pode ter uma epifania.

O que é um epifania?

De acordo com a wikipédia, a epifania é uma súbita sensação de realização ou compreensão da essência ou do significado de algo. Na minha experiência posso dizer que a epifania é um tapa na cara da nossa ignorância.

Sim, somos ignorantes do amor que há ao nosso redor, da nossa origem divinal, das multiplas realidades, dimensões, contatos e insights que ocorrem nesse mesmo momento em algum lugar da nossa alma pois estamos focados nos nossos desejos e emoções.

Então, ocorre uma tragédia:

" Terremoto mata 500 no Irã"

Ou uma quase-tragédia:

" Novo Tsunami na Nova Zelãndia. Dessa vez, os humanos seguiram o conselho dos animais e fugiram para os lugares mais altos, evitando a tragédia"

E somos provocados a refletir, a pensar o quanto é delicada a vida na Terra e o quanto é valioso vivermos bem o tempo que o relógio diz que nos resta.

Outras vezes, trocamos a tragédia pela visão de um eclipse:

" Eclipse solar gera onda de entusiasmo na Ásia"

E uma onda de "estranhamento" nos abate e lembramos que há uma razão para cada coisa que ocorre na Terra e paramos a nossa vidinha, para lembrar de uma Vida Maior que já está ao nosso redor. Lembramos, por alguns instantes, que somos algo a mais. Que embora, o mundo diga que só pode ser coisa da nossa imaginação: sempre existimos e sempre viveremos, pois somos eternamente vida fluindo; e a vida tem muito mais caras que a gente imagina.

Daí, a tragédia passa, o fenômeno acaba e voltamos a ser frutas verdes, nos pés da inércia consciencial. Esquecidos do nosso potencial, esquecidos que podemos florescer e nos tornarmos frutas maduras; sem precisar da tragédia, do fenômeno. Que podemos florescer, apenas percebendo o amor que flui na direção de quem está ao nosso lado, no vôo do pássaro, na alegria das nossas crianças que também vieram do "nada" e não se preocupam se são reais ou apenas conceitos mentais.

Temos uma idéia muito limitada de realidade para nos apressarmos a comprar e vender os pacotes prontos das nossas crenças, idéias fechadas, pré e pós conceitos. Sim, ainda precisamos das tragédias e dos fenômenos, porque somos frutas verdes, esperando o tempo de amadurecer. E acredito, boa parte de nós, ainda precisa de uma sacudida, uma ajuda da natureza para entender o que somos mesmo se não quisermos crer.

Que chova mais epifanias sob as nossas cabeças e a mente aberta esqueça o guarda-chuva em casa!

Frank Oliveira

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Abaixo a canção Fruta Madura, do cantor Nei Zigma que foi a trilha sonora desses escritos acima:

Fruta Madura

Nei Zigma

http://www.reverbnation.com/tunepak/song_2259774

O dia nasce atrás da linha

Que circunda a nossa casa

É o sol que nos acorda

Na hora clara da luz contente

Eu vim florescer

Eu vim florescer

Eu vim florescer

Tua juventude

Eu vim florescer

Eu vim florescer

Eu vim florescer

Tua plenitude

Eu vim florescer

Eu vim florescer

Eu vim florescer

Fruta Madura

Nas mais idades

Pra que tu cresças

Pra que tu vejas

Tua real idade

E o dia corre

No infinito

Com a luz do palco

Do meio dia

E o dia corre

No infinito

Criando a pausa

Do sol a pino

Eu vim ascender

Eu vim ascender

Eu vim ascender

A tua alma

Eu vim ascender

Eu vim ascender

Eu vim ascender

A tua calma

Eu vim ascender

Eu vim ascender

Eu vim ascender

Fruta madura

Tua procura

Na claridade

Nos segue os olhos

Da real idade

E o dia roda

Discorre o tempo

Em cada instante

Do teu segundo

E o futuro

Se faz passado

Se faz presente

Reciclando tudo

Para anoitecer

Anoitecer

Anoitecer

Tudo ao seu tempo

Para anoitecer

Anoitecer

Anoitecer

Bem longe do medo

Para anoitecer

Anoitecer

Anoitecer

Tua luz pura

Em teu momento

Fruta madura

Prepara a alma

Lá vem a lua

Lá vem a lua

Lá vem a lua

Lá vem a lua

No teu momento

Lá vem a lua

No firmamento

Clareia o facho de esquecimento

Para florescer

Para florescer

Para florescer

Tua juventude

Para florescer

Para florescer

Para florescer

Tua plenitude

Para florescer

Para florescer

Para florescer

Fruta madura

Pra que tu nasças

Pra que tu cresças

Pra que tu sejas

Tua nova idade

Notas sobre o autor da canção:

O cantor e compositor Nei Zigma se apresenta na cidade de São Paulo desde 1999. Seu repertório é fruto da união da poesia e da música popular brasileira, que costura com a sonoridade singular da sua voz a simplicidade dos versos e trovas. Revelando sua brasilidade como herança dos cantos populares, Nei Zigma acompanha-se ao violão composições de sua autoria, canções de Domínio Público, MPB, jazz e trilhas para dança e teatro. Atualmente integra o elenco da Cia. Scripti de Teatro.

Mais canções do compositor Nei Zigma:

http://www.reverbnation.com/neizigma